A incerteza sobre como a crise da Evergrande impactará a economia da China, que já mostra sinais de desaceleração, gerou perdas na Bolsa de Hong Kong, nos mercados europeus e, depois, nas bolsas nova-iorquinas.
Foto: Getty ImagensPor Iander Porcella
As bolsas de Nova York fecharam em forte queda nesta segunda-feira, 20, no pior desempenho diário desde meados de maio, apesar de uma redução das perdas nos minutos finais de negociação. O primeiro pregão da semana foi marcado pela aversão a risco no exterior, potencializada pelo temor de que os problemas de liquidez da Evergrande, gigante do ramo imobiliário na China, contagiem os mercados financeiros de forma generalizada. Os operadores também adotaram uma postura cautelosa antes da decisão de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que será divulgada nesta quarta-feira, 22.
Com a migração de investidores
das ações para ativos mais seguros como os Treasuries, o índice
acionário Dow Jones caiu 1,78%, a 33.970,47 pontos, o S&P 500 recuou
1,70%, a 4.357,73 pontos, e o Nasdaq cedeu 2,19%, a 14.713,90 pontos.
No pior momento da sessão, os índices chegaram a registrar baixas
superiores a 3%.
"A crise da Evergrande e os temores de um
aperto no crédito foram suficientes para pesar no sentimento", diz o
analista Edward Moya, da Oanda. Logo cedo, a Reuters noticiou que um dos
principais credores da incorporada imobiliária chinesa fez provisões
para o calote de uma parte dos empréstimos que concedeu à empresa.
A
incerteza sobre como a crise da Evergrande impactará a economia da
China, que já mostra sinais de desaceleração, gerou perdas na Bolsa de
Hong Kong, nos mercados europeus e, depois, nas bolsas nova-iorquinas.
"Os mercados dos EUA abriram em forte baixa em resposta à negatividade
que varreu a sessão da Ásia e da Europa", afirma o analista-chefe de
mercados da CMC, Michael Hewson.
No S&P 500, as maiores
perdas foram nos subíndices dos setores de energia (-3,04%), consumo
discricionário (-2,37%) e financeiro (-2,22%). Pressionadas pela queda
no preço do petróleo, as ações da petroleira americana Chevron
registraram baixa de 2,05%. Os papéis das montadoras Ford e General
Motors recuaram 5,39% e 3,82%, respectivamente. Dentre os bancos,
Goldman Sachs caiu 3,47% e Citi cedeu 3,80%.
Nos setores de
tecnologia e serviços de comunicação, as ações da Apple caíram 2,14%, as
da Tesla, 3,86%, e as da Amazon, 3,08%. O papel do Twitter, por sua
vez, cedeu 2,43%, após a empresa informar que vai pegar US$ 809,5
milhões para encerrar uma ação coletiva em que é acusada de enganar
investidores sobre o crescimento de sua base de usuários e o engajamento
em sua plataforma.
Em relatório enviado a clientes hoje, a
Capital Economics observa que as repercussões do "caso Evergrande" para o
resto do mundo estão crescendo, com o "sell off" nos mercados globais,
mas avalia que o Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) pode
intervir, se necessário, para evitar um contágio financeiro
significativo.
Questionada sobre como os EUA veem a crise da
empresa chinesa, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, disse em
coletiva de imprensa que a secretária do Tesouro americano, Janet
Yellen, sempre monitora os mercados globais.
Em Washington, as
atenções também estão voltadas para o limite da dívida federal do
governo. Líderes do Partido Democrata no Congresso divulgaram hoje uma
carta em que pressionam os republicanos a apoiar a suspensão do teto da
dívida.
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