Wong era uma celebridade nas redes sociais bolsonaristas
Foto: Divulgação Caepp/USPPor Ana Clara Costa, Piauí
Quando
o pediatra e toxicologista Anthony Wong morreu, aos 73 anos, no dia 15
de janeiro de 2021, sua família divulgou, em nota, que ele havia sido
hospitalizado com queda de pressão e mal-estar. Internado, recebeu o
diagnóstico de úlcera gástrica e hemorragia digestiva. “Durante a
internação, evoluiu com quadro de descompensação do padrão cardíaco e
padrões de fibrilação atrial”, informa o texto. Em português, teve
fortes alterações no ritmo cardíaco e depois sofreu uma parada
cardiorrespiratória. A nota omite, contudo, que Wong fora internado com
sintomas de Covid-19 e que, ao final de quase dois meses no hospital,
tornou-se uma das quase 600 mil vítimas da pandemia no Brasil. A piauí
teve acesso ao conteúdo do prontuário médico de mais de 2.000 páginas,
no qual se descreve todo o tratamento até sua morte. Teve acesso,
também, ao atestado de óbito, onde não há qualquer menção à morte por
Covid.
Wong era uma celebridade nas redes sociais bolsonaristas em razão do seu negacionismo. Em vídeos, ele desprezava a pandemia e a vacinação. Compunha um trio com a imunologista e oncologista Nise Yamaguchi e o virologista Paolo Zanotto. Como pediatra, Wong formou uma farta clientela desde os anos 1980 entre a elite paulistana. Quando surgiu a pandemia, ele começou a enviar vídeos aos pais de seus pacientes que, preocupados, pediam que o médico explicasse o que era a Covid-19 e seus efeitos. Os conteúdos acabaram viralizando, e o médico decidiu criar contas no YouTube e no Instagram para publicar suas opiniões. Tinha milhares de seguidores. Quando morreu, seus familiares excluíram os canais e nunca aceitaram pedidos de entrevista.
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