MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

terça-feira, 2 de março de 2021

Brasil se posiciona estrategicamente e será beneficiado pelo novo ciclo das commodities

 


ICB: entenda como funciona o Índice de Commodities Brasil

Alta dos preços pode propiciar o desenvolvimento do país

Mathias Erdtmann

O Brasil está muito bem posicionado para a possível grande tendência econômica que pode vir, beneficiando as commodities (commodities megatrend, segundo os anglófilos). Esses produtos tão básicos e padronizados que permitem uma espécie de tabela mundial de preços estão com um viés de alta, e vários economistas apontam para a megatendência de valorização.

As commodities mais famosas se dividem em três categorias: Agricultura (grãos, carne, cacau, algodão, açúcar); Energia (petróleo, gás, gasolina, diesel); Metais (preciosos como ouro ou industriais, como prata, cobre, platina, alumínio, ferro).

BAIXA E ALTA – Todos estes produtos viram seu valor subir nos últimos meses, enquanto vinham em queda por uma década. Em verdade, alguns haviam caído ainda mais no baque da pandemia (petróleo, por exemplo), outros, nem tanto (como os da categoria Agricultura, que já amargavam valores historicamente baixos quando iniciou a pandemia).

A subida é compreensível: são produtos de necessidade básica e, novamente, a humanidade se lembrou de que precisa de Comida, Energia e Casa (construção e ferramentas) para viver. Além disso, todas as nações do mundo entenderam que deviam reforçar seus estoques em todas essas categorias para ficarem mais prontos para a desglobalização e/ou para enfrentar problemas advindos da complexa logística do sistema produtivo industrial atual.

Adicionalmente, o dragão inflacionário está rondando alguns países do mundo (destaque para EUA), e os Bancos Centrais, sem muita opção na busca para auxiliar os povos das nações, emitiu quantidades grandes de moeda. ]

ATIVOS MAIS COMUNS – Grande parte dessa criação de riqueza, dada a grande vazão, infelizmente escoa pelos condutos mais eficientes, e acaba caindo nos ativos mais comuns de estoque de riqueza: Ações (EUA: NASDAQ +36% comparando com o nível pré-pandemia) e Imóveis (EUA: +40% no último ano).

Aí entramos em uma nova questão: os múltiplos. Ambos os ativos, Ações e Imóveis, estão apresentando múltiplos irracionais, ou seja, o número de anos que o ativo leva para gerar a riqueza para “se pagar” está absurdo.

Boas empresas, que antes eram os portos do investidor de valor, estão sendo negociadas a um valor de ação equivalente a 70 anos de seus lucros (exemplo, WEG), e os proprietários de imóveis tem que se contentar com um aluguel que levará de 30 a 50 anos (ou mais) para retornar o valor do imóvel (aluguel de 2 a 3% do valor do imóvel por ano, antes de impostos). E os ativos no Brasil não estão nem perto de estarem tão inflados como nos EUA.

TODOS ESPECULANDO – Neste “novo capitalismo”, não há espaço para o investimento de valor (value investing), somente para o investimento de crescimento (growth investing), e todos tem que se tornar especuladores, fiéis da crença do Idiota Maior (“Posso ser um idiota comprando hoje por um valor alto, mas amanhã haverá um idiota maior para pagar um valor mais alto”).

Nesse contexto não há mais espaço para estacionar os dobrões em ativos tradicionais; existe receio inflacionário, de bolhas de ativos; há o retorno ao essencial para a vida humana moderna; e enfrentamento da pandemia com o horizonte da vacinação e retomada da atividade econômica. Portanto, há uma possibilidade de um superciclo dos commodities.

Esta classe de produtos já subiu seu preço em dólar em 20% nos últimos 6 meses, e estava até então irrecuperada pelo baque da pandemia. Na verdade, nos últimos 10 anos os commodities tiveram uma queda de valor em dólar de 42% (o que, de certa forma, explica o definhar da economia brasileira, tão dependente de um alto valor destes produtos para crescer).

UM MEGAPRODUTOR – O Brasil é um gigante na produção de commodities. Produz com excedentes componentes de todas as classes, indo muito além da simples soberania e da autossuficiência (a invejada segurança alimentar e energética), sendo um pilar importante da economia dos commodities mundiais. Essa posição não veio de graça, foi construída com o trabalho de gerações, em uma verdadeira comunhão de raças e cores e culturas (vide Celso Furtado ou Jorge Caldeira).

Regularmente somos confrontados com o dilema da sustentabilidade em uma nação que ainda é pobre. Essa discussão é importante e devemos encará-la de forma aberta e franca, sem atropelos, pois nossa posição já é favorável, e a cobrança bate na porta.

Ainda assim, esta pode ser uma chance de ouro, que não pode ser perdida (pode ser o segundo superciclo de commodities do século 21, tendo o primeiro ocorrido entre 2003 e 2014), para o Brasil destravar a máquina do desenvolvimento.

HÁ MUITO A FAZER – É preciso aumentar o grau de qualidade e produtividade (incluindo como qualidade o menor impacto ambiental, exigência não só dos clientes, mas de todo cidadão do mundo), ampliar o beneficiamento de suas commodities, seu transporte eficiente, bem como retomar a industrialização e reduzir a dependência de insumos estrangeiros para a produção desses mesmos commodities, em um ciclo virtuoso que chega no aumento da qualidade de vida, na produção e no consumo destes mesmos commodities pelos seus cidadãos.

Sem ideologia, o objetivo da produção nacional dos insumos como defensivos, fertilizantes, produtos químicos, aditivos, siderurgia básica e especial, é a máxima eficiência econômica, agregando valor com a cadeia local, com custo de longo prazo reduzido, para permitir, aos poucos, que nos livremos da dependência quase exclusiva de um cenário internacional positivo de commodities para gerar excedentes.

Basta fazer a coisa certa, com calma e sem megalomanias, para não haver outro voo de galinha.

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