Os
dois estados, que são os maiores produtores de cacau do Brasil
enfrentam momentos bem diferentes na safra atual. Na Bahia, vai ter
queda na produção, enquanto no Pará, o crescimento pode chegar a 6%. Há
oito anos Sarah e Robson deixaram Santa Catarina rumo à Medicilândia, no
sudoeste do . Lá o casal administra um sitio de cem hectares, com 47
mil pés de cacau, onde emprega nove famílias de agricultores. “A gente
tira a nossa renda daqui, a gente sabe que daqui vai sair um chocolate
bom, então isso é muito gratificante. Cacau é tudo para nós hoje”, diz
Robison Brogni, produtor rural. Sérgio Trevisan é outro produtor que
está se dando bem na cidade que concentra metade da produção de cacau no
Pará. Ele plantou 15 mil pés em uma área que estava desmatada e sem
uso. Conta que a região é ideal para o cultivo de cacau porque, além de
fazer sol o ano todo, chove com frequência e o solo é muito fértil.
“Aqui no município de Medicilândia tem muitos pequenos produtores que
tão optando por plantar cacau, inclusive em chácaras pequenas, de 3,4
mil pés, porque isso vai garantir o sustento deles” comenta o produtor
rural. A produção no Pará vem aumentando nos últimos anos. Em 2014,
foram 88 mil toneladas de sementes de cacau. Um ano depois passou para
105 mil. Em 2016 chegou a 118 mil toneladas. Para este ano, a previsão
inicial é de aumento de 6% na produção: 125 mil toneladas. Até 2022, o
Pará quer alcançar 233 mil toneladas. Parte do sucesso da safra de cacau
no Pará se deve a um trabalho cientifico que começou lá atrás. Há mais
de 50 anos, pesquisadores realizam expedições na Amazônia em busca dos
cacaueiros mais produtivos. É possível ver o resultado em um centro de
pesquisa, na região metropolitana de Belém, onde existe uma coleção de
árvores onde os cientistas estudam o material genético para produzir
sementes de cacau de melhor qualidade. Os pesquisadores da Ceplac, a
Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira, fizeram cruzamentos
entre os pólens de 19 mil cacaueiros selecionados para chegar a sementes
mais resistentes à pragas e doenças até três vezes mais produtivas. O
cacau que a Ceplac produz a partir dos híbridos que foram selecionados
dessa coleção, desse germoplasma, eles podem chegar a até três mil
quilos por hectare. Desde que tenha as condições necessárias”, explica
Paulo Albuquerque, pesquisador da Ceplac. As mudas são produzidas e
distribuídas pela Ceplac. “O produtor procura o nosso escritório e
recebe orientação técnica, desde o plantio até produção final”, diz Raul
Guimarães, agrônomo da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira
do Pará (Ceplac) Já no sul da , a seca fez cair a produção de cacau. Em
uma fazenda em Ilhéus, dos 50 hectares da lavoura, 15 foram devastados
pelo fogo e centenas de cacaueiros não resistiram. “Há um ano e meio
atrás houve um incêndio na região por causa da seca e este incêndio veio
aumentar com o nosso prejuízo”, lamenta Virgílio Amorim Berbert, dono
da fazenda. A estimativa da Ceplac é que o estado tenha perdido 50 mil
hectares de área plantada por causa da estiagem, e isso fez a produção
despencar. Só para se ter uma ideia da perda na produção, em 2012 um ano
muito bom, foram colhidas 180 mil toneladas de cacau na Bahia, mas a
previsão para 2017 é colher no máximo 110 mil toneladas. Nessa época do
ano, o trabalho já deveria ter começado com a safra temporã, mas são
poucos os pés que tem algum fruto maduro. Valdir Ribeiro, gerente de uma
fazenda da reunião, trabalha há 25 anos na roça de cacau, nunca tinha
visto uma estiagem assim. “Foi uma tristeza profunda na gente olhar os
pés tudo seco”, diz. Nesse segundo trimestre tem chovido dentro do
esperado na região e para garantir que os pés que resistiram sobrevivam,
é preciso cuidar do manejo. “Ele tem que começar a pensar seriamente em
um programa de adubação, de fertilização da lavoura, porque a planta
tem que estar bem nutrida”, alerta Raul Vale, coordenador da Ceplac.
Quem trabalha na terra todo dia acredita na recuperação da lavoura. “A
esperança está aqui, nestas novas mudas que estamos plantando”, diz
Erisvaldo Alves, trabalhador rural. Com esses números, este ano o Pará
deve passar a Bahia na produção de cacau.
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