MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Malu Gaspar:

 Eike representa elite que defende capitalismo puro, mas não dispensa ajuda do Estado

Escritora de “Tudo ou Nada”, sobre grupo X, comenta prisão e possível delação de empresário

Eike Batista é legítimo representante do empresariado brasileiro, com algumas poucas exceções. Defende o capitalismo puro, mas busca todo o tipo de facilidades, como ser financiado por um banco público, no caso, o BNDES, destaca Malu Gaspar, jornalista, repórter da revista Piauí, escritora do livro que reconstitui a trajetória de ascensões e quedas do empresário. Por conta de todo o histórico de zelo e preocupação dele com a presença na mídia, Malu acredita que ele pode até hesitar em firmar uma delação premiada. Não deve demorar muito, contudo.
Amante dos holofotes, Eike foi capa de revistas brasileiras como o 7° mais rico do mundo, e agora ganhou manchetes no Brasil e no exterior como o empresário brasileiro preso em cela comum no Complexo Penitenciário de Bangu, acusado de irrigar o suposto esquema de corrupção do ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral, preso desde novembro, depois de passar três dias foragido,
"Eike representa essa elite empresarial, com alguma exceções, que diria que quer o capitalismo puro, mas no fundo quer financiamento do BNDES, fica o tempo inteiro buscando alguma facilidade, quer sempre um colchão de segurança", comenta a jornalista, em conversa por telefone com o Jornal do Brasil.
"Eu acho que ele vai delatar", responde Malu questionada sobre a possibilidade da Lava Jato contar com uma delação premiada do empresário. Muita água ainda vai rolar, muito água. Ele vai evitar, a princípio, vai resistir a "ser retratado como vilão", o que seria garantido pela delação, mas a jornalista não o vê "preso 11 anos sem delatar.
A jornalista Malu Gaspar é autora do livro "Tudo ou Nada: Eike Batista e a verdadeira história do grupo X"
A jornalista Malu Gaspar é autora do livro "Tudo ou Nada: Eike Batista e a verdadeira história do grupo X"
Malu acompanhou a trajetória das empresas do grupo X e colheu documentos inéditos e depoimentos de 106 personagens fundamentais para escrever o livro Tudo ou Nada: Eike Batista e a verdadeira história do grupo X, lançado no final de 2014, quando Eike enfrentava julgamento na Justiça Federal do Rio de Janeiro, respondendo a crimes de manipulação de mercado e insider trading, aplicadas às ações da OGX.
Ela conta que já trabalha em uma possível atualização do livro, mas que ainda precisa acompanhar os detalhes da história. "A gente não sabe se o Eike vai fazer delação ou não. Acredito que sim, mas ainda a gente precisa esperar, e em fazendo uma delação o que ele vai dizer. É preciso esperar um pouco para saber como a história vai se desenrolar, para ver quando e como essa atualização será feita. Mas que ela será feita, isto é certo."
Ao seguir os passos do grupo X e ouvir pessoas relacionadas, a jornalista percebeu que Eike se tratava de um grande personagem. Anunciava planos no setor de petróleo e mineração, por exemplo, que não faziam sentido para técnicos desses setores e pessoas do mercado, já naquela época.
Certa vez, anunciou reforma em uma ferrovia pela metade do valor que seria necessário. Outra, dizia que produziria em cinco anos o que a Petrobras levou cinquenta. Questionado sobre a "ousadia" dos projetos, Eike apontava para um suposto diferencial na equipe e nos projetos. "Eficiência, my darling", costumava responder.
Eike estava representando, entretanto, o país que era a "bola da vez", que tinha um presidente admirado no mundo inteiro, o mercado de ações estava aquecido. Eike conhecia bem o jogo, entendeu o interesse público, e conquistou confiança. Viu um "portal" das oportunidades aberto e entrou, define Malu Gaspar. "Acabou a festa" naquele portal, e Eike caiu junto, porque não tinha nada de concreto em seus projetos. "Ele foi levado junto com a crise, e agora com a Lava Jato."
"Tudo ou Nada" tem documentos inéditos e depoimentos de 106 personagens importantes
"Tudo ou Nada" tem documentos inéditos e depoimentos de 106 personagens importantes
Para Malu Gaspar, a prisão de Eike, "em um momento que todos temiam que a Lava Jato seria esvaziada", significa que "não há escapatória", e que o Brasil pode e precisa conquistar uma "nova ética", uma "nova governança". "Empresários e políticos vão ter que aprender a fazer negócios de forma correta", acredita a jornalista.
"O dinheiro que Eike deu para o Cabral não era dele, era de gente que acreditou nele. Ele enganou os brasileiros duas vezes." O fundador do grupo EBX é acusado de tentar se proteger da desvalorização de ações da companhia, em prejuízo de acionistas. Em operações realizadas em 19 abril de 2013, vendeu quase 10 milhões de papéis da OSX, a R$ 3,40, em uma transação de R$ 33,7 mi.
>> "Eike Batista e a verdadeira história do grupo X" é lançado no Rio

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