É
inexplicável e inaceitável essa demora do presidente Michel Temer em
indicar o substituto de Alexandre de Moraes no Ministério do
Planejamento. No início do mês, o chefe do governo abriu um espaço na
agenda para dar entrevista a Ricardo Noblat, de O Globo, e fez
revelações interessantes, como declarar que tinha selecionado 27
candidatos à vaga no Supremo, aberta com a morte trágica do ministro
Teori Zavascki. Três dias depois, escolheu o nome de Moraes, seu
discípulo e amigo há décadas. Sobraram, então, 26 candidatos a comandar a
pasta da Justiça, cargo de perfil semelhante ao de ministro do Supremo.
Diante dessa realidade, não é admissível que o presidente continue
retardando a decisão.
TEVE DE RECUAR –
Todos sabem que o candidato preferido de Temer era o criminalista
Antonio Mariz de Oliveira, que é seu advogado e velho amigo. Mas o
presidente teve de recuar, por se tratar de um inimigo declarado da Lava
Jato, que assinou o manifesto organizado pelo PT e deu entrevistas
criticando também a delação premiada.
Sem apoio para indicar Mariz, o
presidente fez então uma surpreendente guinada, convidando um advogado
famoso que defende posição exatamente oposta – Carlos Velloso,
ex-ministro do Supremo, que tem apoiado a Lava Jato, as delações
premiadas e a atuação do juiz federal Sérgio Moro. E como Velloso acabou
recusando, conforme até previmos aqui na Tribuna da Internet, tudo
voltou à estaca zero.
RESTAM 24 NOMES –
De toda forma, não há justificativa para essa demora na indicação do
novo ministro da Justiça. Afinal, na agenda presidencial, mesmo com o
descarte dos nomes de Moares, Mariz e Velloso, ainda restam exatos 24
pretendentes à disputada nomeação.
A indecisão só faz aumentar as
especulações de que o convite a Velloso tenha sido apenas uma manobra
diversionista de Temer, para depois indicar um ministro que aceite ser
integrado ao esquema do Planalto e do Congresso para inviabilizar o
prosseguimento da Lava Jato. A dificuldade na escolha residiria
justamente nesse detalhe – é preciso indicar um nome que seja
respeitável, não desperte suspeitas e possa participar da chamada
Operação Abafa.
IMPASSE DE TEMER
– Bem, foi assim que o presidente Temer chegou a um impasse. Como
escolher um ministro respeitável nessas condições? É claro que se trata
de uma verdadeira missão impossível (e sem Tom Cruise). Se o pretendente
ao cargo for adversário da Lava Jato, jamais poderá ser respeitado;
pelo contrário, em pouco tempo estará totalmente desmoralizado.
A solução ideal para o Planalto é
indicar um deputado ou senador do PMDB ou do PSDB, que seja pouco
conhecido e desperte menos suspeitas. A justificativa então será uma
suposta e inexistente pressão feita pela base aliada, porque o partido
ao qual o neoministro seja filiado nem interessa – todos são
praticamente iguais. quando o objetivo é esvaziar a Lava Jato.
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