ABCR diz que, sem mudanças, seis concessões podem ser devolvidas.
Entidade que representa empresas tentará 'sensibilizar' parlamentares.
Trecho da BR-153, uma das rodovias federais licitadas durante o governo Dilma (Foto: Divulgação/EHL)A informação foi dada ao G1 pelo diretor-superintendente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), Flávio Freitas.
Segundo ele, a MP não resolve os problemas do setor, especialmente das seis concessões rodoviárias feitas durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff.
Se o texto da medida provisória for mantido como está, afirmou Freitas, todas essas seis concessões, que abrangem quase 5 mil quilômetros de estradas federais, podem ser devolvidas.
Os trechos concedidos à iniciativa privada e que segundo o diretor da ABCR correm risco de ser devolvidos são os das rodovias:
- BR-050, entre Goiás e Minas Gerais;
- BR-163, em Mato Grosso;
- um lote com trechos das BRs-060/153/262, entre Brasília e Betim (MG);
- BR-163, em Mato Grosso do Sul;
- BR-040, entre Brasília e Minas Gerais;
- BR-153, entre Goiás e Tocantins.
“A MP não resolve o problema das atuais concessionárias”, disse o diretor da ABCR. “Nós entendemos que esse segundo passo será dado no Congresso Nacional. Vamos procurar os parlamentares para tentar sensibilizá-los a buscar uma solução para que os investimentos sejam mantidos”, declarou.
Novas licitações
A principal novidade da medida provisória é que ela permite ao governo fazer um novo leilão de uma rodovia, ferrovia ou aeroporto antes do fim da atual concessão.
De acordo com o texto da MP, essa solução será aplicada para os casos em que o antigo concessionário não cumpra as exigências contratuais. O objetivo é garantir a manutenção do serviço.
O governo decidiu criar a possibilidade da relicitação depois que algumas concessionárias de projetos leiloados durante o governo Dilma passaram a enfrentar dificuldades financeiras e incapacidade para cumprir os contratos. Essas concessionárias têm entre seus acionistas empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato.
A ABCR critica o dispositivo da MP que proíber as atuais concessionárias de participar do novo leilão. Reclama ainda de o texto não trazer regras claras para a indenização que será paga às empresas que optarem pela devolução da concessão. Esses são dois dos pontos que a associação tentará reverter no Congresso.
Segundo Freitas, a associação também defende que a medida preveja a possibilidade de renegociação dos atuais contratos. Uma das soluções, disse ele, é cancelar a regra que exige que a duplicação de toda a rodovia seja feita nos primeiros cinco anos da concessão – o cancelamento dessa regra reduziria a necessidade de investimentos.
O diretor da ABCR afirma ainda que a relicitação para a contratação de um novo concessionário pode provocar demissões no setor, que soma 23 mil empregos diretos.
Representantes
do Consórcio Planalto e o então ministro dos Transportes, César Borges,
no leilão de trecho da BR-050, na BM&FBovespa, em São Paulo (Foto:
Clayton de Souza/Estadão Conteúdo)Para Freitas, no caso das rodovias, as dificuldades para cumprir os cronogramas contratuais são causadas pelo próprio governo.
Ele afirma, por exemplo, que as concessionárias não estão recebendo todo o dinheiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) prometido na época dos leilões.
O governo Dilma se comprometeu a financiar até 70% das obras de duplicação e melhorias nas rodovias. Mas, segundo o diretor da ABCR, os recursos do BNDES estão bancando atualmente entre 40% e 45% dos investimentos.
“Os acionistas estão a ponto de terem que paralisar os investimentos em melhorias”, disse Freitas. Segundo ele, algumas concessionárias enfrentam dificuldades para conseguir licenciamentos ambientais.
Questionado se as empresas não avaliaram a possibilidade de dificuldades, tanto financeiras quando para obter licenciamentos ambientais, Freitas disse que a crise atual, que levou “à mudança do próprio governo”, não poderia ser prevista.
Ele também negou que as empresas vencedoras de leilões feitos durante o governo Dilma fizeram ofertas descoladas do real valor das concessões.
No leilão das rodovias, o vencedor foi o grupo que se comprometeu a cobrar dos usuários o menor pedágio em relação a um valor teto fixado pelo governo. Nos cinco leilões feitos desde 2013, as vencedoras ofereceram tarifas entre 42,38% e 61,13% abaixo do teto.
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