Se Dilma e Temer renunciam, não é preciso haver emenda nenhuma; a Constituição já prevê eleição direta ou indireta a depender do tempo
Eu
realmente fico fascinado como a imprensa, com alguma frequência, dá
destaque a tolices que chegam a ser monumentais. Há duas semanas,
apareceu a conversa de que a presidente Dilma poderia tomar a iniciativa
de enviar uma PEC — Proposta de Emenda Constitucional — antecipando
eleições presidenciais. E quem noticiou nem tomou o cuidado de se
lembrar de uma coisinha básica: a presidente não tem poder para cassar o
mandato do vice. Ele também é eleito.
Marina
Silva, como sambem, aderiu, de mentirinha, só para fazer firula, à
proposta da renúncia de Dilma e Temer. Conversa para sapo coaxar, né?
Ela quer mais é que Dilma fique por aí, derretendo até 2018. Se a
recessão mandar o país à breca, melhor, né? Emite-se menos carbono…
Nesta
segunda, o senador Valdir Raupp (PMDB-RO), membro da Executiva Nacional
do partido, veio com um papo de aranha: o vice, Michel Temer, lhe teria
dito, ao telefone, que não queria ser presidente da República e que, com
ou sem impeachment, a crise seria muito séria e coisa e tal…
E aí o nosso
notável legislador resolveu resgatar a tal proposta da PEC. E ainda
disse uma coisa formidável: como há o risco de não haver impeachment e
como Dilma não vai mesmo renunciar, então que se marquem novas eleições
presidenciais para outubro deste ano…
É realmente
uma coisa fabulosa porque, nesse caso, então, haveria mesmo golpe. Se
Dilma e Temer não renunciam, como é que se vão realizar eleições? Mais:
se apenas Dilma renuncia, a Constituição oferece uma saída: o vice. Se
ambos renunciam, a mesma Constituição oferece outra saída: novas
eleições diretas se duplo impedimento ocorrer até 31 de dezembro de
2016; eleições indiretas se depois dessa data. Vale dizer: Proposta de
Emenda Constitucional para quê?
A assessoria
do vice negou que tal conversa tenha acontecido. E, quero crer, não
mesmo! Por que Temer diria isso a Raupp e não, por exemplo, a lideranças
da oposição?
Até admito,
sei lá, uma conversa fortuita mais ou menos assim: “Pois é, Valdir, eu
não queria ter de assumir o governo nessas condições…”. Ora vejam: há
múltiplos sentidos possíveis nessa frase, não? Ainda que algo semelhante
tenha sido dito, certamente Temer não estava dizendo que pretendia
renunciar.
A Folha
informa que um grupo de nove senadores se interessou pelo debate. Seriam
parlamentares do PPS, PSB e Rede… É mesmo, é? Consta que Dilma não
seria de todo antipática à tese.
Vamos lá, de novo, para quem ainda não entendeu:
1 – Se Dilma e Temer renunciam, não é preciso haver emenda nenhuma; a Constituição já prevê eleição direta ou indireta a depender do tempo;
2 – Se só Dilma renuncia, Temer é o presidente. Usar emenda para lhe tirar o mandato seria golpe;
3 – Se nem Dilma nem Temer renunciam, usar emenda para lhes tirar os respectivos mandatos também seria… golpe.
1 – Se Dilma e Temer renunciam, não é preciso haver emenda nenhuma; a Constituição já prevê eleição direta ou indireta a depender do tempo;
2 – Se só Dilma renuncia, Temer é o presidente. Usar emenda para lhe tirar o mandato seria golpe;
3 – Se nem Dilma nem Temer renunciam, usar emenda para lhes tirar os respectivos mandatos também seria… golpe.
A propósito:
tenho uma tese melhor para os doutores que se encantaram com a ideia:
que tal a renúncia da presidente, do vice, dos 513 deputados e dos 81
senadores, hein?
Tenham a
santa paciência! Isso não deixa de ser consequência do terrorismo
petista. Essa estupidez nasce da suposição de que um eventual governo
Temer faria o país mergulhar no caos.
Besteira! A única chance de caos é a continuidade do desgoverno Dilma.
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