Militantes reclamam de anúncio de Dilma em 'comício' no Planalto: "muito pouco"
Em mais uma manifestação política travestida de cerimônia
administrativa promovida no Palácio do Planalto, a presidente Dilma
Rousseff anunciou nesta sexta-feira investimentos modestos quando
comparados a outros programas do governo federal: a regularização de
terras a 799 famílias quilombolas no Nordeste e o destino de uma quantia
irrisória de 4,5 milhões de reais para promoção de igualdade racial.
Também foram assinados 21 decretos para reforma agrária de fazendas em
catorze estados: Goiás, Pernambuco, Minas Gerais, Maranhão, Rio Grande
do Norte, Pará, Ceará, Bahia, Mato Grosso Sul, Sergipe, Paraíba, Paraná,
Tocantins, Alagoas. Nem os movimentos sociais amestrados deixaram de
reclamar do diminuto investimento. "Os decretos assinados agora
representam muito pouco para a demanda dos movimentos sociais na luta
concreta da reforma agrária no Brasil", disse Aristides Veras dos
Santos, tesoureiro da Confederação Nacional dos Trabalhadores na
Agricultura (Contag). Ele disse que a demanda no país, calculada pela
entidade, é de quase 70.000 famílias e que a Contag já indicou para o
Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) 600 imóveis
para desapropriação. Segundo Veras, há setenta áreas com decretos de
desapropriação prontos. Insatisfeito, o coordenador do Movimento dos
Trabalhadores Sem Terra (MST), Alexandre Conceição, disse a Dilma que
"não queria ensinar missa a padre", mas que o grupo tem 120.000 famílias
assentadas. Dilma portou-se como um mandatário em início de mandato: "É
mais um passo, não o definitivo", disse, ignorando que está em seu
sexto ano à frente do governo federal. (Felipe Frazão, de Brasília)
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