Folha
A presidente Dilma Rousseff disse, em conversa com assessores, que cabe ao marqueteiro João Santana explicar a informação de que ele recebeu dinheiro vivo da empreiteira Odebrecht e fez pagamentos, também em “cash”, a prestadores de serviços da campanha da petista à reeleição em 2014.
A Folha mostrou na edição desta quinta (31) que a Polícia Federal, no âmbito da Operação Lava Jato, investiga o possível uso de caixa dois na campanha de Dilma por meio de dinheiro não contabilizado repassado pela construtora.
Dilma Rousseff diz que a contabilidade de sua eleição em 2014 foi toda oficial e declarada à Justiça Eleitoral e que, se João Santana fez uso de caixa dois como aponta a investigação da Operação Lava Jato, a responsabilidade é do seu então marqueteiro, hoje preso, e não de sua campanha.
DINHEIRO VIVO
O receio do governo, segundo assessores, é sobre a origem do dinheiro vivo entregue à mulher de Santana, Mônica Moura, pela construtora Odebrecht, de acordo com as investigações.
A PF busca comprovar que os recursos seriam provenientes de pagamentos de propina obtidas por obras tocadas pela empresa em contratos com a Petrobras e outras estatais, como as do setor elétrico.
Neste caso, o temor é que o dinheiro pode ter sido entregue pela construtora ao marqueteiro por orientação de alguém do PT, o que é a principal suspeita dos investigadores da Lava Jato.
CONFIRMAÇÃO
Em depoimentos de sua delação premiada, a secretária da Odebrecht Maria Lúcia Tavares afirmou que negociou entregas de dinheiro vivo para emissários da Pólis, a empresa do marqueteiro.
Só numa das planilhas, que foi “traduzida” pela delatora aos investigadores em Curitiba, há indicação clara de que João Santana e a mulher receberam, por meio de emissários, R$ 21,5 milhões logo depois do segundo turno da eleição de 2014.
A suspeita de investigadores é que ao menos parte deste dinheiro, levantado pela Odebrecht junto a doleiros, foi usada para quitar dívidas de campanha da presidente Dilma em 2014.
Presa desde fevereiro com o marido, Mônica Moura mudou de advogado em meados de março e passou a negociar um acordo de delação premiada. A delação ainda não foi fechada, segundo fontes com acesso à negociação.
Nem a assessoria do marqueteiro e de sua mulher nem seus advogados quiseram se manifestar sobre o caso. A Odebrecht também não comentou as informações.
AGRAVANDO A SITUAÇÃO
O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB) afirmou que os indícios de uso de caixa dois na campanha de reeleição da presidente agravam ainda mais a situação política da petista, que luta para conter a abertura de um processo de impeachment na Câmara. O tucano defende que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) amplie e acelere as investigações em torno da campanha presidencial de 2014. As apurações, se comprovadas, poderiam levar à cassação do mandato da chapa Dilma-Temer.
Para o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy, os novos indícios de caixa dois “impactam de forma muito intensa” o processo de impeachment. Paulo Teixeira (PT-SP), vice-líder do partido na Câmara, discorda dizendo que essa questão é “estranha à denúncia” em tramitação na Casa, que se centra nas chamadas pedaladas fiscais.
Já o líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), disse não acreditar em contribuições ilegais para custear a campanha de Dilma em 2014.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – É difícil imaginar que Dilma Vana Rousseff cursou mesmo uma faculdade, porque ela age como se fosse uma ignorante total. Como pode achar que será inocentada do crime eleitoral por simplesmente alegar que a culpa do Caixa 2 é do PT e do marqueteiro? Perante a Justiça, esta declaração significa confissão do crime. (C.N.)
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