A delação premiada do ex-presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, e outros dez executivos da empreiteira não atinge somente a campanha de Dilma Rousseff à Presidência. Segundo uma fonte de Curitiba ligada ao caso, os depoimentos citam também o ministro Ricardo Berzoini, da Secretaria de Governo, e o ex-governador do Rio Sérgio Cabral.
Segundo a assessoria do ex-governador fluminense, “todas as contribuições das campanhas eleitorais do ex-governador Sérgio Cabral foram feitas de acordo com a legislação”.
O ministro Teori Zavascki homologou, na noite de quarta-feira, a delação premiada da Andrade Gutierrez, conforme revelou o colunista Merval Pereira em seu blog. A dúvida é se ele vai liberar o documento oficial ou se vai manter o sigilo, porque ainda haveria investigação sendo feita. A delação mostra planilhas explicando o que é doação legal e ilegal. Houve doações legais às campanhas da oposição e do PT.
DOAÇÕES À CAMPANHA DE DILMA
Na delação premiada, o ex-presidente da Andrade Gutierrez afirmou que fez doações legais às campanhas de Dilma Rousseff (PT) e de seus aliados em 2010 e 2014 utilizando propinas vindas de obras superfaturadas da Petrobras e do sistema elétrico, mais precisamente na Usina de Belo Monte. Segundo a GloboNews, o consórcio formado por construtoras da obra no Pará teria combinado de pagar 1% do valor dos contratos, num total de R$ 150 milhões de propina divididos entre PT e PMDB.
Ao todo, 11 executivos da construtora prestaram depoimentos. Todos eles já foram encaminhados para o ministro Teori Zavascki homologar a delação. Alguns chegaram a ser presos, como Azevedo, mas todos estão soltos. Pelo acordo, a construtora se comprometeu a pagar uma indenização de R$ 1 bilhão e alterar seu relacionamento com o setor público. O acordo foi noticiado pelo GLOBO em novembro do ano passado.
PALOCCI TAMBÉM CITADO
O ex-ministro Antonio Palocci também é citado na delação, segundo o jornal, e agiria como “representante do governo” e de Erenice Guerra, ex-ministra-chefe da Casa Civil e braço-direito de Dilma quando a obra de Belo Monte estava em gestação.
O comando da campanha da presidente Dilma Rousseff em 2014 negou, em nota encaminhada à “Folha de S. Paulo”, qualquer irregularidade nas doações feitas à petista em sua campanha da reeleição.
Dilma voltou a condenar “grampos seletivos” nesta quinta-feira, durante ato de “mulheres em defesa da democracia”, no Palácio do Planalto. A presidente disse que pediu que o Ministério da Justiça tome todas as medidas cabíveis para coibir vazamentos de informações sobre investigações em curso.
A defesa da Andrade Gutierrez não se pronunciou sobre o caso. E Antonio Palocci negou ter participado de qualquer negociação envolvendo a montagem do consórcio da obra de Belo Monte, ocorrido em período que exercia mandato de deputado federal e não participativa de decisões de governo.
Erenice Guerra não vai se manifestar até ter conhecimento dos termos da delação dos ex-executivos da Andrade Gutierrez.
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