Luciano Coutinho tem de responder se empresas de Bumlai que receberam empréstimos estavam ou não na situação precária apontada pelo MP
Como
vocês sabem, a 21ª fase da Operação Lava-Jato se chama “Passe Livre”
numa referência a um aviso que havia na portaria do Palácio do Planalto
quando Lula era presidente e que dizia respeito ao senhor José Carlos
Bumlai. Num papelucho em que havia a foto do amigão, podia-se ler o
seguinte:
“O sr. José Carlos Bumlai deverá ter prioridade de atendimento na portaria Principal do Palácio do Planalto, devendo ser encaminhado ao local de destino, após prévio contato telefônico, em qualquer tempo e qualquer circunstância”.
“O sr. José Carlos Bumlai deverá ter prioridade de atendimento na portaria Principal do Palácio do Planalto, devendo ser encaminhado ao local de destino, após prévio contato telefônico, em qualquer tempo e qualquer circunstância”.
Isso, como se vê, é passe livre.
A Polícia
Federal pediu ao BNDES as cópias dos contratos que resultaram em
empréstimos para as empresas de Bumlai, totalizando a bagatela de R$ 504
milhões. O banco diz que tudo foi feito dentro da lei e da ordem. É
mesmo?
Segundo o
MP, quando a São Fernando Açúcar e Álcool, por exemplo, obteve, em 2008,
um empréstimo de R$ 338 milhões, já havia contra ela um pedido de
falência. O passivo da empresa hoje, que está quebrada, é de R$ 1 bilhão
— mais da metade com o BNDES. Quando a São Fernando Energia levou outra
bolada da instituição — R$ 101,5 milhões —, estava inativa
operacionalmente e contava com apenas sete funcionários.
Alguns
políticos são doidos para inventar lugares inexistentes para depositar
suas desculpas. Ou Luciano Coutinho, presidente do BNDES, demonstra que o
Ministério Público está mentindo, ou ele tenta justificar os critérios
usados pela instituição que preside.
Em nota, diz o banco:
“O BNDES reafirma a lisura de todos os procedimentos associados aos empréstimos com o Grupo São Fernando. O banco reafirma sua disposição de continuar colaborando com as autoridades e seu zelo para com a gestão dos recursos públicos sob sua responsabilidade.”
“O BNDES reafirma a lisura de todos os procedimentos associados aos empréstimos com o Grupo São Fernando. O banco reafirma sua disposição de continuar colaborando com as autoridades e seu zelo para com a gestão dos recursos públicos sob sua responsabilidade.”
É pouco,
Coutinho. Havia ou não o pedido de falência quando se emprestaram R$ 338
milhões a uma das empresas? A outra, quando recebeu R$ 101,5 milhões,
estava ou não inativa? Se o Ministério Público mente, isso precisa ser
denunciado. Se ele fala a verdade, e parece que fala, então o BNDES é
uma esculhambação a serviço dos amigos do rei.
O que a
Polícia Federal quer saber é se se esse dinheiro, a exemplo do
empréstimo de R$ 12,17 milhões feito pelo Banco Schahin, também foi
parar nas contas do PT.
Ah, sim. E
só pra arrematar. Um órgão oficial, que luta para que sua credibilidade
sobreviva ao aluvião, emite nota de contundente clareza. Diz a Receita
Federal:
“nesta fase, investigam-se sucessivas contabilizações de supostos empréstimos com o objetivo de dissimular a real circulação de recursos saídos de instituições financeiras até os beneficiários finais dos valores, em intrincado esquema de interposição fraudulenta e de lavagem de dinheiro […]”
“nesta fase, investigam-se sucessivas contabilizações de supostos empréstimos com o objetivo de dissimular a real circulação de recursos saídos de instituições financeiras até os beneficiários finais dos valores, em intrincado esquema de interposição fraudulenta e de lavagem de dinheiro […]”
Dinheiro, meus caros, jamais se esqueçam, que é público.
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