MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

O recuo da renda


O Brasil está vivendo uma recessão econômica acompanhada de um impasse político. Quase um ano se passou desde a reeleição do atual governo e todas as suas ações têm se resumido a buscar “sobreviver”.
O problema não está apenas no desarranjo da economia, mas, principalmente, na falta de articulação do governo federal, que nada faz por reformas estruturais para incentivar investimentos e recuperar a credibilidade.
O atual modelo econômico está evidentemente esgotado. O desemprego cresce fortemente, atingindo a taxa de 8,7%. O número de pessoas sem trabalho chegou a 8,8 milhões. 
São chefes de família que precisam pagar as contas em dia, jovens que estavam investindo em educação, idosos que adiaram a aposentadoria e mulheres buscando oportunidades que ficam sem alternativas.
O reflexo disso é a queda do consumo, o que reduz o mercado e comprometerá a produção.
Podemos sentir isso no café da manhã do paulistano. De acordo com o nosso Instituto de Economia Agrícola (IEA), entre os meses de janeiro até setembro de 2015, os itens básicos, como café em pó, leite longa vida, pão francês e margarina tiveram variações nos preços. O pão foi reajustado em 9,03% em 2015. Se compararmos os últimos doze meses, a variação foi de 15,80%.
A recessão econômica compromete a “nova classe média”. As mais de 3,3 milhões de famílias que passaram a ter acesso a produtos e serviços, como plano de saúde, ensino superior e carro zero estão voltando para a base da pirâmide social.
Isto nos impõe uma reflexão: o que fica dos chamados Programas Sociais? O que gerou o Bolsa Família e as várias outras “bolsas”? Tenho convicção de que são necessários Programas de complementação de renda e/ou de combate à miséria, por questão de dignidade humana e também por incorporar pessoas ao mercado consumidor.
Mas a situação atual demonstra, e isto é mais do que qualquer formulação ideológica ou analise teórica, que programas sociais sem “porta de saída” não emancipam!
A inflação reconcentra rendas e impõe perdas principalmente aos assalariados, ou seja, mais eficaz do que qualquer programa de transferência de renda é priorizar o controle inflacionário e é o melhor caminho para proteger o poder aquisitivo das pessoas 
Diferentemente do que aconteceu entre os anos de 2006 e 2012, quando a mobilidade social estava em plena ascensão, não será o consumo que puxará a retomada da economia. Esse ano com o PIB recuando 2,8% e com a renda podendo cair até 4%, somados ao recuo das vendas em 8,6%.
O ajuste fiscal é necessário mas precisa se fundamentar no corte de gastos. É evidente que a atual política de simples elevação de juros não é capaz de debelar a inflação. Esta política, aliás tem aprofundado o desequilíbrio fiscal.
Com a busca do equilíbrio fiscal, recuperando a previsibilidade, buscando aumentar a taxa de poupança e o nível de investimento. Assim, podemos retomar o crescimento capaz de garantir o emprego e a renda.
Mas a lição deve ficar: prioridade ao controle da inflação e que os programas sociais estejam vinculados a critérios e obrigações que efetivamente melhorem a qualificação das pessoas, elevem o seu preparo para ingresso no mercado de trabalho, contribuindo para o aumento da produtividade sistêmica e assim efetivamente supram o paternalismo, mudem a vida e emancipem as pessoas!
05/11/2015
Arnaldo Jardim é deputado federal licenciado (PPS-SP) e secretario de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo

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