MEDIÇÃO DE TERRA

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terça-feira, 24 de novembro de 2015

A gastronomia mineira consolida novos destinos turísticos


Hoje Em Dia


Divulgação
A gastronomia mineira consolida novos destinos turísticos

A gastronomia mineira consolida novos destinos turísticos
A gastronomia é um dos maiores atrativos para viajantes que procuram novas experiências e destinos. A rica história da cozinha mineira e o manejo tradicional de seus ingredientes tem potencial de transformar cada povoado do estado em um pólo turístico.
Uma pesquisa feita pela Secretaria de Estado do Turismo de Minas Gerais (SETUR) perguntou a oito mil viajantes do que eles mais se lembram das viagens quando voltam para casa. Em segundo lugar, está sempre algo ligado à gastronomia. O quesito só perde para a nossa hospitalidade.
“O turista, hoje em dia, está cansado de ‘mais do mesmo’. Todo turista, onde quer que esteja, vai ter que dormir e comer. Temos que agregar valor à experiência da mesa”, diz Renata Toffoli, da Setur.
O espírito de acolhimento de Minas Gerais, bem como o crescente interesse dos visitantes pelos sabores locais, tem feito multiplicar os roteiros turísticos centrados na experiência gastronômica do estado.
A arte de produzir cafés gourmet, por exemplo, atrai cada vez mais turistas para as fazendas mineiras. Cultivado em mais de 100 mil propriedades espalhadas por 600 municípios do estado, o café mineiro está presente em uma a cada quatro xícaras servidas no mundo.
Em Carmo de Minas, ao sul do Território da Mantiqueira, a tradição cafeeira nas altitudes da serra virou rota obrigatória para os amantes da bebida.
Dos mirantes da Fazenda Sertão, os visitantes acompanham todas as etapas do cuidadoso processo de seleção dos grãos.
“Os melhores meses para visitar são os da colheita, entre maio e agosto. Chegamos a ter 700 pessoas trabalhando, dá para ver tudo de perto” , diz Gabriel Guimarães, barista da Unique Cafés.
“A colheita é manual porque selecionamos apenas os grãos maduros”, diz o barista, cuja família cultiva o café há mais de cem anos.
Depois de conhecerem os segredos do melhor grão, os visitantes são convidados a degustar diferentes intensidades e blends de café em uma charmosa cafeteria de São Lourenço. Como não podia deixar de ser, acompanhado de uma fornada de pão de queijo e da mineiríssima broa de fubá.
Mas não é só a tradição que tem atraído os novos desbravadores da gastronomia mineira. Nos últimos dez anos, os vinhedos vêm mudando as paisagens da região de Cordislândia, uma área de transição entre a Mata Atlântica e o Cerrado, o sudoeste do Território da Mantiqueira.
“Sempre fomos uma típica fazenda mineira, que planta café e tira leite. Na década de 1990, tivemos muitos problemas e vimos que não poderíamos continuar dependentes das commodities”, lembra Júnior Porto, da Fazenda Luiz Porto, em Cordislândia, também no Sul de Minas. “Começamos a plantar uvas em 2002 e hoje já temos 15 hectares de parreirais. Eles representam um potencial econômico muito importante para a fazenda”, completa.
A hospitalidade mineira fez com que a família decidisse receber turistas em visitas guiadas pelos vinhedos. “Minha mãe foi quem começou com isso. Ela sempre gostou de receber pessoas e da energia da casa cheia”, conta.
A iniciativa deu certo e ajuda a divulgar o vinho produzido na fazenda e fidelizando os consumidores. “O mineiro é muito ligado às coisas da terra. Há uma relação amorosa com as tradições, as histórias que são passadas de pai para filho. As pessoas se emocionam quando chegam aqui”, explica.
O sommelier Renato Costa também embarcou no potencial turístico das vinícolas da região. Ele montou um roteiro que, durante três dias, leva os amantes do vinho até a Fazenda Capetinga, em Três Corações, Casa Geraldo, em Andradas e também para a Fazenda Luiz Porto.
O turista tem a possibilidade de se esbaldar com a harmonização dos vinhos e com clássicos da gastronomia mineira. O queijo Minas, com um fio de azeite feito na região, forma uma bela dupla com o Sauvignon Blanc da Casa Geraldo.
A galinha caipira com quiabo ganha acompanhamento do vinho Merlot da Fazenda Luiz Porto. Já com o leitão a pururuca cai bem o Syrah da Fazenda Capetinga. “O Syrah é um vinho mais tânico, mais áspero. Combina com a carne de porco. Ajuda a dissolver os sabores na boca”, destaca o sommelier.

“A maior surpresa de quem vai é a qualidade do vinho. Descobrir que Minas faz um vinho bom. Nós temos que pensar no sabor do terroir mineiro. Isso agrega ao paladar”
(Sommelier Renato Costa)

UMA QUESTÃO DE RAÍZES
Em se tratando de vinho, como ressalta o sommelier Márcio Oliveira, a produção no Sul de Minas ainda é considerada recente, mas já traz peculiaridades de sabores que os produtores e especialistas definem como o terroir mineiro.
“Quanto mais profunda a raiz de uma videira, mais complexa a seiva da planta. Como aqui as raízes ainda são pouco profundas, de cerca de dez anos, elas geram vinhos mais simples. Mas é um vinho bom, correto, fácil de beber e de gostar”, diz Márcio.
O desafio de implantar uma cultura como a do vinho em Minas exige muita dedicação, a começar pelo clima. O agrônomo Murilo de Albuquerque trouxe da França a técnica da dupla poda, que viabilizou o cultivo da uva no estado.
Como a chuva é prejudicial à maturação da uva, a primeira poda é feita entre novembro e dezembro, de modo a impedir que a planta dê frutos no período chuvoso. No inverno, as uvas estarão prontas para a colheita, quando acontece a segunda poda.
Segundo Márcio Oliveira, os produtores mineiros estão no caminho certo ao apostar numa diversificação cada vez maior da carta de vinhos. E completa:
“Há desde mais acessíveis, bons para beber como aperitivo, até as linhas de reserva, que harmonizam com queijos frescos, massas de molho branco e carnes”.
Então, é só escolher o seu vinho e fazer a harmonização que mais lhe agrada.

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