MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Hoje, ele pode receber um novo raio!

A tempestade que desaba sobre Eduardo Cunha, para a felicidade do Planalto!

Consta que a advogada Beatriz Catta Preta, que celebrou oito acordos de delação premiada e que, subitamente, anunciou que vai deixar o país, dará uma entrevista de alcance nacional nesta quinta em que exporá as alegações de sua decisão. Nos bastidores, comenta-se que ela teria se sentido ameaçada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Bem, nesse caso, parece-me, para alguém com a sua expertise, com a sua trajetória e com os amigos que tem, o mais fácil teria sido, desde logo, botar a boca no trombone, em vez de renunciar à clientela e anunciar o caminho do sol.
Vamos lá… A ser verdade o que se anda comentando nos becos e nos botecos, o alvo da moça vai ser mesmo Cunha, que vê, assim, nuvens negras se armando no céu contra ele. Júlio Camargo, ainda como cliente de Catta Preta, desde a celebração do acordo de delação premiada, demorou nada menos de nove meses para mudar a versão dos fatos: de um Cunha que não havia recebido propina, passou para outro que teria recebido US$ 5 milhões.
O fato de eu fazer restrições a procedimentos que ferem o Estado de Direito levam imbecis — ou gente de má-fé — a inferir que quero livrar a cara deste ou daquele. Que cada um pague por aquilo que fez. Eu só me pergunto — e o farei porque é da minha natureza estranhar o estranhável — como pode um acordo de delação premiada lidar com a mentira com esse desassombro. Ora, ou Camargo mentia antes ou mente agora. Logo, devo supor que, mesmo amparado por um procedimento que o beneficia, ele antepõe algum outro interesse à verdade. Mais: é lícito mentir num processo de delação premiada, antes ou agora?
O episódio sobre Beatriz Catta Preta, quando o petrolão já for história, dará certamente algum trabalho aos que forem reconstituir os fatos.  Para começo de conversa, será preciso deixar claro que a advogada que celebrou oito acordos, com honorários milionários (e, quanto a esse particular, não há nada de errado), era tida como uma espécie de quarto pilar da Operação Lava Jato. Os outros três são a Polícia Federal, o Ministério Público e o juiz Sérgio Moro.
E a coisa não é leve. Júlio Camargo, antes defendido por Beatriz, tem agora como advogados Antônio Figueiredo Basto e Adriano Bretas, também defensores de Alberto Youssef. Nas alegações finais em defesa de seu novo cliente, o alvo principal é o presidente da Câmara, que agiria segundo “moral da gangue”. Para os doutores, Cunha atua “astuciosamente” para desacreditar os depoimentos de seu cliente, usando desde a maledicência até a CPI da Petrobras.
Antes de Cunha entrar na mira de Rodrigo Janot, ele já estava na mira de Dilma Rousseff e de todo o PT. E, a ser verdade o que vai por aí, pode vir a receber agora um novo petardo. “Ah, então você diz que tudo é conspiração contra Cunha, que ele não fez nada?” É a leitura que os imbecis fariam do que vai aqui. Só estou caracterizando a conjunção de fatores que concorrem para minar o seu poder e a sua influência. Para a felicidade do Planalto.
É apenas um fato. E fica a advertência para Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado. Ele também é investigado e costuma criar problemas para o Planalto. Aguardem. O que vem por aí não é bonito.
Por Reinaldo Azevedo

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