Custo de uma caixa de 20 pílulas da menor dosagem de Ritalina é R$ 20.
Medicação ajuda a concentrar; secretaria diz que abriu processo de compra.
Receita vencida de Ritalina; paciente não conseguiu medicamento porque estoque está zerado no DF (Foto: Arquivo Pessoal)
Usados no tratamento de crianças e jovens com hiperatividade ou déficit
de atenção, os comprimidos com a menor dosagem do medicamento Ritalina
estão em falta na rede pública do Distrito Federal
há quatro meses. A Secretaria de Saúde afirmou que desde então abriu
processo de compra do remédio, mas que ainda não há previsão para
reabastecer o estoque. A pasta não soube informar o número de pacientes
prejudicados. O custo de uma caixa com 20 pílulas é de cerca de R$ 20.Preferindo não se identificar, uma professora afirmou ao G1 que precisa da medicação diariamente desde agosto. A mulher, que mora no Núcleo Bandeirante e buscava as caixas na Asa Sul, afirma que já teve de se deslocar até o Gama porque não encontrou a Ritalina de 10 mg no local.
Ela conta que já em novembro encontrava dificuldades para garantir o remédio e que, sem respostas nos postos de saúde, passou a gastar R$ 55 por mês para manter o tratamento. "Tenho uma receita vencida [de junho, com a qual] que não consegui pegar [a Ritalina]", disse. "Eles alegam não ter a medicação e que não há previsão."
A professora também afirmou que já passou cinco dias sem a terapia porque não tinha dinheiro para custeá-la. "Inclusive me preocupa o fato de os meus alunos também estarem sem a medicação", completou.
A Ritalina atua no cérebro de forma a estimular partes que estão pouco ativas e elevar o nível de alerta. Com isso, os pacientes conseguem se concentrar, ficar mais atentos, agirem de forma menos impulsiva e melhorarem a coordenação motora.
Ao todo, a rede pública do DF tem estoques zerados de 70 medicamentos. Na lista constam também antibióticos usados no tratamento contra sífilis, toxoplasmose, tétano, meningite e inflamações no coração.
Dados da secretaria mostram que, entre 1º de janeiro e 10 de julho, o governo havia recebido 332 ações judiciais determinando o fornecimento de remédios. Levantamento mostra que os gastos da pasta neste ano com a compra de medicação contaram com menos recursos do que manutenção das unidades de saúde. A diferença foi de R$ 92 milhões.
O presidente da Comissão de Bioética da OAB, Felipe Bayma, disse ao G1 ter levantado uma série de deficiências na área de saúde. Para tentar contornar o problema, cinco advogados acompanham as atividades da Secretaria de Saúde desde que o DF divulgou o plano de ação para combater a proliferação de superbactérias – que tem como pilares o fornecimento de remédios, reforço na higiene e incorporação de farmacêuticos às equipes.
"Foi pactuada uma parceria entre OAB e Secretaria de Saúde, vamos participar efetivamente para tentar agregar alguns valores e criar soluções viáveis. [Já sabemos que] A prioridade dos gastos às vezes é um tanto equivocado. Os materiais comprados pela Secretaria de Saúde são deficientes, e isso eles assumem no próprio documento. Falta de treinamento, falta de melhor gestão dentro dos hospitais; são várias deficiências, são inúmeras as deficiências", afirmou.
Outros problemas, segundo ele, estão relacionados à falta de leitos e à falta de profissionais. Para Bayma, as dificuldades são reflexo do rombo deixado pela gestão anterior – a Secretaria de Saúde calcula déficit de R$ 720 milhões em relação a 2014.
Pais devem ficar atentos ao déficit de atenção
A consultora do programa Bem Estar, Márcia Purceli, lembra que é importante fechar o diagnóstico. “Muitas vezes acham que a criança está sem vontade, tem preguiça, não quer fazer o dever de casa, mas não é. É uma manifestação da doença”.
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