Agora é guerra: Eduardo Cunha vai romper com Dilma
Alvejado
pela Lava Jato, presidente da Câmara convoca aliados para anunciar que
vai romper com o governo. A crise política atinge temperatura máxima no
Congresso Nacional
Por: Marcela Mattos, de Brasília
A
guerra declarada nesta quinta-feira pelo presidente da Câmara dos
Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao Palácio do Planalto consumou-se a
jato. Pela primeira vez na história recente do país, o Palácio do
Planalto pode ter pela frente um adversário real no comando de uma das
Casas mais importantes da República. Cunha avisou seus aliados na
madrugada que vai formalizar o rompimento com o Executivo na manhã desta
sexta-feira. Se confirmada, a atitude pode acarretar consequências
graves ao governo da presidente Dilma Rousseff e, politicamente,
indicará um afastamento inédito e sintomático do PMDB dos cabides do
poder no momento em que a crise política beira a temperatura máxima.
Eduardo Cunha teve uma quinta-feira difícil. Começou o dia atirando
contra o governo e o Partido dos Trabalhadores porque sabia do pior: o
lobista Julio Camargo, da Toyo Setal, iria contar à Justiça que o
peemedebista pediu 5 milhões de dólares do propinoduto
da Petrobras para agilizar contratos na estatal. Dito e feito. Mas
Cunha não engoliu. Reagiu negando as denúncias, mas horas antes já havia
colocado em curso um plano de afastamento do governo que, em tempos de
crise econômica e agenda pública à deriva, o fortalece ainda que jogado
no lamaçal do petrolão.
Ao seu lado, Eduardo Cunha tem o presidente do Senado, Renan
Calheiros (AL), tão líder dentro do PMDB como ele, mas não tão influente
na capilaridade do Legislativo. Renan aprovou a ideia. É hora de
emparedar o Executivo sobre os rumos da Operação Lava Jato.
No Senado, Renan tem duas cartas na manga: vai pressionar o governo
nesta sexta com a criação das incômodas CPIs do BNDES e a dos Fundos de
Pensão. São duas comissões que causam tremor Palácio do Planalto desde
2005. Mas o trunfo na mesa esta mesmo nas mãos de Cunha: a aliados, ele
confidenciou a intenção de contratar pareceres de advogados renomados
sobre a possibilidade de dar seguimento ao processo de impeachment da
presidente Dilma Rousseff por atos cometidos na gestão anterior. Neste
momento, aliás, Cunha tem um empolgado deputado disposto a assumir a
caneta: Paulinho Pereira (SD-SP), o Paulinho da Força Sindical, que há
mais de uma década sonha em encampar essa briga.
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