Em 5 de junho de 1972, em
Estocolmo, foi aberta, pelas Nações Unidas, a Primeira Conferência Mundial
sobre o Homem e o Meio Ambiente. Neste dia histórico, que passou a ser
considerado pela ONU o Dia do Meio Ambiente, foi dado um grande passo
na direção de uma governança mundial para as questões ambientais. A Conferência
de Estocolmo, que reuniu 113 países e mais de 400 organizações governamentais e
não governamentais, mostrou o antagonismo de posições em extremos bem definidos.
De um lado, havia aqueles que defendiam rígidas limitações ao desenvolvimento
econômico. Era a teoria do “desenvolvimento zero”, com o objetivo de
estancar o avanço acelerado das transformações impostas pela raça humana às
paisagens e recursos da natureza. No outro extremo, havia os que defendiam
justamente o contrário, os adeptos da chamada teoria do “desenvolvimento a
todo custo”, com o objetivo de impedir a criação de qualquer tipo de
constrangimento aos processos transformadores e ao livre fluir dos
empreendimentos industriais, imobiliários, extrativistas, infraestruturantes,
minerários, agropecuários e assim por diante. Havia ainda, no meio desta plêiade
de organizações e opiniões, resquícios do neomalthusianismo, ou seja, aqueles
que temiam as consequências supostamente nefastas de um crescimento
descontrolado da população mundial, sobretudo pelo descompasso deste crescimento
com o incremento potencial na produção agrícola, o que tornaria o mundo incapaz
de produzir alimento para todos.
Os anos se passaram e a evolução
da governança na área ambiental mostrou que é perfeitamente possível (e
sobretudo desejável) conciliar desenvolvimento econômico e social com
sustentabilidade. A mesma ONU, que deu o passo inicial na articulação mundial
sobre preservação ambiental, constituiu, em 1983, a Comissão Mundial sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento, que publicou, em 1987, um documento
intitulado “Nosso Futuro Comum”, mais conhecido como “Relatório
Brundtland”. Este documento histórico consagrou o conceito de
“desenvolvimento sustentável” como sendo aquele que “procura
satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das
gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades”. O conceito
de desenvolvimento sustentável surge, então, como a grande síntese de toda a
dialética anterior e preconiza o equilíbrio entre desenvolvimento econômico,
justiça social e preservação ambiental.
Em São Paulo, sob o comando do
Governador Geraldo Alckmin, trabalhamos imbuídos da filosofia de procurar sempre
harmonizar o econômico, o social e o ambiental. A busca por maior produtividade
e competitividade, com justiça social e sustentabilidade na agricultura é, sem
dúvida, um dos maiores e mais difíceis desafios de nosso século, não obstante, a
agricultura paulista tem muito a mostrar. Nossa espetacular performance na
geração de energia pela biomassa, responsável por São Paulo exibir uma das
matrizes energéticas mais limpas do mundo, é motivo de
orgulho.
O volume de trabalho dos vários
institutos ou fundações, universidades, órgãos públicos e entidades privadas de
São Paulo na busca efetiva pelo constante desenvolvimento agrícola sustentável é
impressionante e é amplamente reconhecido no Brasil e no mundo. Nosso trabalho
na conservação dos solos, combatendo a erosão e ajudando prefeituras na
manutenção de estradas rurais está bem traduzido pelo Programa Melhor Caminho,
uma marca deste Governo. Recentemente, assinamos convênio inédito com a CETESB e
organizações industriais para início do recolhimento de agrotóxicos obsoletos
dos campos e já temos implantada a logística reversa de lubrificantes e
embalagens de químicos, tudo isso para evitar a contaminação de solo e água. A
assinatura de protocolos agroambientais com setores do agronegócio mostrou que o
caminho do diálogo é o mais eficiente para a diminuição efetiva das queimadas
nos canaviais. O exitoso programa Microbacias, em parceria com o Banco Mundial,
vem viabilizando o acesso mais direto dos produtos dos pequenos agricultores ao
mercado consumidor. As linhas de crédito do FEAP/BANAGRO levam sempre em conta o
desenvolvimento rural sustentável e graças ao empenho de milhares de pessoas,
São Paulo já cadastrou 70% de sua área no CAR – Cadastro Ambiental Rural, sendo
exemplo no Brasil de fiel cumprimento às normas do Código
Florestal.
Ao comemorarmos este dia mundial
do meio ambiente, é com muito ânimo que vamos dar início a um dos maiores
programas de restauro ecológico que já existiu. A Lei 15.684/2015, sancionada
recentemente pelo Governador Alckmin, permite começar o Programa de
Regularização Ambiental das propriedades ou posses rurais no Estado, o chamado
PRA. Nossas estimativas dão conta da possibilidade de restauração de incríveis 1
milhão de hectares de vegetação nativa em São Paulo, sobretudo nas áreas
ciliares, algo sem paralelo no mundo. Com muito diálogo, parcerias, respeito aos
produtores rurais, inteligência e dedicação, vamos dar conta de resolver os
problemas da regularização ambiental das terras e, ao mesmo tempo, deixar um
meio ambiente mais protegido e saudável para as próximas
gerações.
02/06/2015
Arnaldo
JardimDeputado federal licenciado (PPS-SP) e
Secretário de Estado de Agricultura e Abastecimento de São Paulo
Rubens Rizek Jr.
Ex-Secretário de Estado do Meio Ambiente de São Paulo e atual
Secretário de Estado Adjunto de Agricultura e Abastecimento.
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