A Comissão de Relações Exteriores do Senado aprovou nesta quarta-feira
convite para que o ex-presidente do Uruguai José Mujica dê detalhes
sobre a confissão feita pelo ex-presidente Lula de que teve de "lidar
com muitas coisas imorais e chantagens" durante o primeiro mandato de
seu governo. A fala do petista seria a admissão de como o governo se
envolveu no escândalo do mensalão. Em votação simbólica também foi
aprovado pedido para que o ex-vice-presidente uruguaio Danilo Astori
explique o caso. Por serem convites, nenhum dos dois políticos do
Uruguai têm obrigação de comparecer à comissão. Em livro, Mujica diz que
Lula se referiu ao mensalão como "única forma de governar'. A confissão
do ex-presidente Lula sobre o esquema do mensalão, o maior esquema de
corrupção do primeiro mandato petista e que acabou levando a cúpula do
PT para a cadeia, aparece no livro Una Oveja Negra al Poder (Uma ovelha
negra no poder, em tradução livre), escrito pelos jornalistas Andrés
Danza e Ernesto Tulbovitz com depoimentos de Mujica. Na publicação, o
ex-presidente do Uruguai relata que, em 2010, ao conversarem sobre o
escândalo do mensalão, o petista teria dito ao presidente uruguaio que
aquela era "a única forma de governar o Brasil". "Lula não é um corrupto
como [Fernando] Collor de Mello e outros ex-presidentes brasileiros",
disse Mujica no livro, "mas viveu esse episódio [do mensalão] com
angústia e um pouco de culpa". O ex-vice-presidente uruguaio Danilo
Astori também teria presenciado a declaração do petista e, por isso, o
nome dele foi incluído no requerimento aprovado nesta quarta-feira na
Comissão de Relações Exteriores. "Já que o ex-presidente é um grande
defensor da ética, da moralidade e diz que político algum pode se
envolver com dinheiro porque seria a deformação do quadro político,
quero saber se essa análise dele exclui o presidente Lula e o PT", disse
o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), autor do requerimento para ouvir o
ex-presidente do Uruguai. No início de maio, porém, José Mujica disse
que não viria ao Brasil dar explicações sobre a confissão de Lula, mesmo
que o Senado aprovasse o convite para que ele depusesse. (Veja)
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