Cristiano Machado/Hoje em Dia
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Aposentada de 42 anos depende de parentes e amigos para conseguir comprar remédio que evita crises
A atual gestão da Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que, entre janeiro e abril deste ano, dos 450 itens disponibilizados, 165 estavam em falta nas prateleiras. O órgão, porém, não forneceu dados sobre o problema nos meses anteriores a 2015, já que o comando estava com o governo passado.
A SES afirmou que reduziu o déficit para 64 itens indisponíveis. “Desde o início do ano estamos realizando uma força-tarefa para atender à população e buscar alternativas para a solução desse problema”, explicou o superintendente de assistência farmacêutica da secretaria, Homero Cláudio Rocha Souza Filho. Para o presidente do Conselho Estadual de Saúde, Ederson Alves da Silva, existe um problema de gestão que atrapalha o acesso aos produtos. “Há um erro grave que começa desde a aquisição até o destino final, que é o paciente. Estamos pagando pela má administração”, comentou.
Na pele
Portadora de epilepsia, uma aposentada de 42 anos, que pediu anonimato, passa por uma verdadeira peregrinação quando o assunto é a aquisição do medicamento. “Desde o início do ano eu não consigo o Clobazam, que evita as crises”.
Ela conta que, a cada negativa, um novo carimbo na receita médica é dado, mas sem previsão de chegada. “Recorro a familiares e amigos e vendo doces para completar o dinheiro”.
O mesmo drama é compartilhado pela funcionária pública Adiléia de Assis Souza, de 45 anos. Com doença reumática, ela precisa de uma combinação de remédios. “Sem a regularidade da medicação, perco a locomoção. Uma semana sem o coquetel resulta em dores intermináveis”. O custo alto do remédio – R$ 370 por mês –, que é manipulado, também é um complicador.
Longo prazo
Outro entrave é o tempo de espera que o paciente enfrenta para ter o pedido autorizado. Em média, a análise de cada caso é de 60 a 90 dias. Período longo para quem precisa iniciar um tratamento imediato.
“Há dois meses estou em tratamento de pele e não há previsão para a liberação do medicamento”, conta a professora Eugênia Dias, de 51 anos.
Regionalizar a distribuição pode ser uma saída
Para o presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputado Arlen Santiago (PTB), a falta de regularidade de medicamentos expõe os pacientes ao risco. “É uma situação grave, compromete todo o tratamento. A preocupação é garantir o acesso e não deixar a situação se agravar ainda mais”.
Nessa quarta (3), possíveis soluções para o problema foram discutidas em audiência pública na ALMG. “Estamos estudando mecanismos para garantir o abastecimento em todo o Estado. Além da forma de entrega, há uma análise na aquisição e a regionalização dessa distribuição”, explica o superintendente de assistência farmacêutica da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Homero Cláudio Rocha Souza Filho.
Sem estabilidade
Para a presidente do Grupo Encontrar, organização de apoio a pacientes com artrite reumatóide, Priscila Torres da Silva, a ineficiência do processo de distribuição dos medicamentos acaba desestabilizando o controle das doenças crônicas.
“É um processo irreversível e que compromete a qualidade de vida do paciente. A má gestão pública compromete todo o sistema de tratamento que pode levar até a incapacidade ou morte do paciente”.
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