O
obelisco da avenida Rio Branco, no centro do Rio, foi "vestido" com
uma camisinha gigante, em ato para incentivar o uso do preservativo
(Foto:
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Organizações
não governamentais cobriram neste sábado (2) o obelisco da Avenida Rio
Branco, no centro do Rio, com uma camisinha de 11 metros, para alertar
o governo e a sociedade para o avanço da epidemia de aids no país. Os
ativistas cobraram mais empenho das autoridades em campanhas de
prevenção.
"Na década de 90, havia mais campanhas voltadas
para os segmentos mais vulneráveis. Isso acabou, porque as organizações
não governamentais não conseguem mais fazer seus trabalhos, e o governo
não vem aplicando os recursos relacionados. A informação precisa
sempre estar sendo realimentada. As gerações vão passando e vivenciando
uma liberdade maior. Hoje, se fala de sexualidade de uma forma muito
mais ampla do que se falava antigamente. As pessoas estão transando
mais e não estão se cuidando", defendeu o diretor do Grupo Arco Íris,
Júlio Moreira.
Ele criticou o fato de campanhas voltadas a jovens gays
e prostitutas não terem ido adiante. "É necessária uma política
específica para esses segmentos. É preciso dialogar em uma linguagem que
as pessoas vão compreender. Se você for falar para jovens gays,
tem que ser uma linguagem que eles compreendam. Não adianta
pasteurizar tudo e não atingir o público-alvo", explicou, que também
aponta a dificuldade das organizações cumprirem exigências de editais
públicos para fazer campanhas. "A gente tem dificuldades em fazer um
trabalho de longo prazo e mapear essa comunidade, para ter uma
continuidade na ação".
Membro da secretaria executiva do Fórum de
ONGs/Aids, Renato Da Matta aponta que setores conservadores e grupos
religiosos contribuíram para enfraquecer as campanhas e a discussão do
tema nas escolas. "Estamos vendo jovens de 13, 14 anos se infectando e
não podemos entrar nas escolas e falar sobre isso. O Brasil está
criando uma nova geração de infectados pela aids", alerta.
Preconceitos em relação à doença também são
responsáveis pela desinformação, segundo Da Matta. Para ele, a doença
foi banalizada por parte da população. "As pessoas perderam o medo da
aids. Hoje, elas têm a ideia de que você toma um remedinho e fica tudo
bem. Não é assim. A aids é considerada uma doença crônica
degenerativa".
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