A
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) lançou a campanha
"Transformação", composta por uma série de iniciativas com o objetivo de
dar visibilidade às pessoas transexuais e transgênero da comunidade
acadêmica, fomentar a inclusão, além de promover reflexões e ações que
possam melhorar a qualidade de vida desta população ao longo de sua
permanência na Universidade, seja estudando ou atuando pelo serviço
público federal. As iniciativas educativas e demais ações para
evidenciar a presença de pessoas trans na Universidade serão
desenvolvidas ao longo de todo ano.
A
campanha "Transformação" foi lançada na primeira reunião do Conselho
Universitário (ConsUni) de 2023, quando Ângela Lopes foi a primeira
pessoa trans empossada como integrante do ConsUni, maior órgão
deliberativo da Instituição, em mais de 50 anos de história da
Universidade. A posse foi transmitida pelo Canal Oficial da UFSCar no
Youtube. "Evidente que me sinto honrada de ser a primeira pessoa trans a
compor o ConsUni. Junto com isso, vem o peso da responsabilidade e da
obrigação de incitar mudanças. Minha presença, mulher trans, neste
conselho, por si só é elemento de transformação, promove reflexões e
evoca a necessidade de mudanças. Pretendo agir com a mesma seriedade e
comprometimento que sempre agi em todas as áreas da minha vida",
declarou Ângela.
De
acordo com a professora Ana Beatriz de Oliveira, Reitora da UFSCar e
presidente do ConsUni, a indicação de Ângela como representante da
comunidade externa foi encaminhada tendo em vista o compromisso em
garantir representatividade e diversidade nos mais diferentes níveis da
Universidade. "Somente desta forma, com a participação de todas e todos
que juntos e juntas formam a sociedade brasileira, faremos construções
sólidas de um país mais justo e menos desigual. A aprovação da indicação
da Ângela por unanimidade mostra que a gestão está sintonizada com os
anseios da comunidade. A participação dela nas discussões vindouras dará
visibilidade a um grupo de pessoas atualmente sub-representado. Que
possamos seguir em busca de equidade nas mais diferentes representações
sociais", afirmou a Reitora.
Infelizmente,
o Brasil continua sendo o país que mais mata pessoas transgênero,
transexuais e travestis do mundo. Segundo a Associação Nacional de
Travestis e Transexuais (Antra), 140 pessoas trans foram assassinadas em
2021. Além disso, a naturalização da marginalização dessa população é
uma realidade nacional, com a grande parte de transexuais, transgêneros e
travestis vivendo em condições de exclusão social, com pouco acesso a
educação, saúde, emprego formal e políticas públicas que atendam às suas
necessidades. De acordo com Ângela Lopes, passa pela universidade
pública, gratuita e de qualidade, mudar essa realidade.
"O
acesso à educação é fundamental para resgatar a cidadania, a dignidade e
para as pessoas trans terem a possibilidade de reescrever suas
histórias, numa sociedade que as subjuga à condição de desumanidade. A
UFSCar tem sido um espaço de acolhimento para aqueles que desejam
construir novas perspectivas. As pessoas trans são instrumentos potentes
de criação em todas as áreas em que se inserem. É necessário que se
desenvolvam políticas e ações que naturalizem a presença dessas
pessoas", afirma.
Ainda
na mesma reunião, como parte da campanha "Transformação", foi lançado o
primeiro vídeo de uma série de depoimentos de estudantes trans,
servidores trans e demais integrantes trans da comunidade acadêmica da
UFSCar, além de profissionais trans formados na Universidade. O conteúdo
está disponível nos canais oficiais da UFSCar no Instagram, no Youtube,
no Facebook, no Linkedin, no Twitter e no próprio Portal da UFSCar.
Nestes mesmos canais, nos próximos dias, será lançada uma outra série de
vídeos, educativos, sobre "Sexualidade e Gênero", na qual serão
abordadas as diferenças entre os dois assuntos, além de esclarecimentos
sobre o que é cisgênero, transgênero, transexuais, travestis, não
bináries e intersexuais. Questões como o direito ao nome social, ao uso
do banheiro, assim como a história do movimento LGBTQIAPN+, também estão
dentro os tópicos que serão tratados.
Feira de Visibilidade
Já
para celebrar o Dia Nacional da Visibilidade Trans (29/1), acontece
nesta sexta-feira, dia 27 de janeiro, a 1ª Feira da Visibilidade Trans e
Travesti da UFSCar. A programação do evento, protagonizado e produzido
por pessoas trans, traz apresentações culturais, com música, dança,
poesia, exposições artísticas e de fotografias e muito mais. A Feira,
que tem o apoio do Sindicato dos Trabalhadores Técnicos-Administrativos
da UFSCar (SintUFSCar), começa a partir das 16 horas na Área de
Convivência (Palquinho), área Sul do Campus São Carlos da UFSCar. A
participação é gratuita. O evento é promovido pelo Grupo de Trabalho
(GT) "Transformar", criado em 2022 por estudantes trans, servidoras e
servidores trans, e outras pessoas trans da comunidade universitária da
UFSCar. O coletivo, que se caracteriza como espaço de acolhimento e
articulações, tem levantado dados, realizado debates e ações em torno
das demandas e das necessidades relacionadas à permanência estudantil,
promoção da saúde integral e cumprimento de direitos, dentre outros
temas.
A
campanha "Transformar" é promovida pela UFSCar em conjunto com o GT
Transformar, com o apoio da Secretaria Geral de Ações Afirmativas,
Diversidade e Equidade (SAADE) da Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e
Estudantis (ProACE), da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS), do
Instituto da Cultura Científica (ICC) e do Núcleo de Apoio a
Indissociabilidade de Inovação, Pesquisa, Ensino e Extensão (NAIIPEE) da
Fundação de Apoio Institucional ao Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (FAI) da UFSCar. Mais informações serão divulgadas, em
breve, no Portal da UFSCar.
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