MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 22 de outubro de 2022

Eu e Pelé não precisamos de cotas raciais para vencer na vida, mas tivemos de lutar até conseguir

 


Estudantes brancos são aprovados através das cotas raciais em universidades  do Piauí - OitoMeia

Charge do J.Robson (Arquivo Google)

Carlos Vicente

Eu e Elidiomar Francisco dos Santos somos exemplos de que não há necessidade de cotas raciais. Estudamos juntos na Escola Técnica Ferreira Viana e éramos os mais ferrados da turma, pelo menos, não sei se de todo o colégio. Eu morava em Marechal Hermes, ele em Osvaldo Cruz. Ele, criado pela mãe, porque o pai se fora, e eu fiquei cedo sem nenhum dos dois, fui criado por minha avó.

Como naquela época havia no colégio adolescentes da Tijuca e adjacências, eu era o “Crioulo” e ele o “Pelé”. Mais tarde, ao saber de minha verdadeira ascendência, o professor Murillo Rodrigues Pessoa pôs-me o apelido de “Índio”, que ficou para sempre.

FICAMOS SEPARADOS – O Ensino Médio nos separou, ele continuou na ETFV e eu fui para o atual CEFET. Fui reencontrá-lo muito tempo depois, ele como Professor de Física do Estado e funcionário do Banco do Brasil e eu como Professor de Processamento de Dados, também no Estado. Conversamos, rimos, bebemos umas cervejas e anotamos telefones.

Há algum tempo, soube pelo Facebook que Elidiomar partiu. Lamentei muito, pois perdi um amigo e era uma das testemunhas de que, quando queremos e lutamos por algo mais na vida, nada pode impedir que o alcancemos. Bem, naquela época não havia pandemia de vitimismo…

Lembrei de Pelé porque, apesar de haver vários negros no Ferreira Viana, viajávamos juntos de trem na ida e na volta.

COTAS RACIAIS – Agora, voltam ao debate as cotas raciais. Ao contrário do ensino público de hoje em dia, na minha época aprendíamos muito na escola pública. Certa vez, quando comentei com um amigo que todos deveriam ter acesso à universidade, ele respondeu “Somente os mais capacitados, caso contrário quem irá plantar o trigo para você comer seu pão de cada dia” ?

Amigos, nos anos 70 eu preparei duas meninas para o concurso da Escola Normal Carmela Dutra – Shirley Alencar e Lina Siqueira. Era uma seleção rigorosa, em que a média para aprovação era 7 (sete). Uns tempos depois, baixaram para 5, irresponsavelmente.  Faz sentido ser aprovado para o magistério com 6.5 em Matemática e 3.5 em Português (ou vice-versa)?

Fui aprovado no concurso para professor estadual de Processamento de Dados, modalidade Linguagens de Programação. A média para ser aprovado – sem necessidade de fazer a prova final de qualquer matéria – era 7 também.

CONSELHO DE PAIS – O famigerado Conselho de Pais e Professores tem sua parcela de culpa, porque escolhia os coordenadores das disciplinas e estes ganhavam uma gratificação. Devido à inaptidão de muitos filhos, seus pais condicionaram seus votos para reeleição dos coordenadores se a média baixasse para 5. Isto foi feito e piorou a qualidade do ensino.

As escolas Ferreira Viana e Visconde de Mauá adotavam o regime semi-internato, mas a nível de ginásio, com direito a almoço para os alunos, com as disciplinas tradicionais, educação física e disciplinas técnicas. Isso acabou e nem Brizola pensou nisso. Não volta mais tal modalidade, principalmente com a agressividade (consentida) dos alunos.

E, “last but not least” (Zózimo): a educação não precisa ser ensinada nas escolas, deve vir de berço.

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