Promover
o diálogo com populações indígenas e reafirmar a importância delas nas
discussões sobre as obras de repavimentação da rodovia BR-319, que liga o
Amazonas (AM) a Rondônia (RO), foram os principais objetivos das
oficinas realizadas pelo WWF Brasil nos municípios de Manaus e Tapauá,
reunindo mais de 145 pessoas.
As
oficinas foram realizadas em parceria com o Conselho Indigenista
Missionário (Cimi), o Ministério Público Federal do Amazonas (MPF-AM), e
o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia
(Idesam) e o Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB),
organizações membro do Observatório BR-319 (OBR-319).
A
retomada das obras ao longo da rodovia tem gerado inúmeras discussões
sobre sua execução, a forma como afeta as populações dos 13 municípios
sob influência da BR-319 e questionamentos sobre problemas futuros. A
legislação, por meio da Convenção n° 169 da Organização Internacional do
Trabalho (OIT) sobre Povos Indígenas e Tribais, garante que essas
populações têm o direito à consulta de maneira livre, prévia e de boa
fé, com adequação aos contextos e modos de vida sobre ações que afetam a
eles e seus territórios.
As
organizações que atuam em prol das populações locais realizam trabalhos
para que as obras sejam retomadas respeitando os moradores, seus
territórios e a floresta. Por isso, é extremamente importante a
realização de consultas que integrem toda a população.
“Não
somos contrários a um empreendimento que já existe. O que queremos é
participar da discussão sobre esse novo modelo de política que o governo
quer instituir”, explica o representante da Organização Indígena
OPITAMP, Emerson Mura, que participou das atividades.
As
oficinas realizadas pelo WFF Brasil reuniram lideranças indígenas
representantes dos povos Wajãpi, Mura, Apurinã, Sateré, Tenharim,
Jiahui, Suruí, Munduruku, Kaiaby, Paumari e Dení, com um amplo debate
sobre a importância da participação nos processos de decisões a respeito
da rodovia. “A proposta é que, com o conhecimento, as comunidades se
fortaleçam dentro desse processo de repavimentação das obras e suas
consequências”, como explica a estudante, Walelasoetxeige Suruí, do povo
Suruí.
“O
indígena é, muitas vezes, tratado como invisível diante de várias
situações, sem ter sua necessidade e vivência levadas em consideração.
Por isso, estamos aqui, para aprender e quando algo for acontecer, algo
em nosso território sermos consultados, e caso não haja consulta, para
podermos questionar e exigir nossos direitos”, afirma Suruí.
As
oficinas também geraram a websérie “Infraestrutura e Justiça
Socioambiental”, que documenta o trabalho que vem acontecendo desde 2019
e tem como objetivo amplificar a voz de associações locais, comunidades
indígenas, populações tradicionais e extrativistas da região. Os
episódios estão disponíveis no canal do WWF Brasil no YouTube.
“O
Observatório BR-319 promove uma série de ações para cuidar dos direitos
das populações que vivem ao longo da rodovia. Por isso, entendemos que
essas oficinas são muito importantes para o processo democrático, quando
todos deverão ser ouvidos e respeitados nesse processo de reconstrução
da rodovia”, comenta a secretária executiva do OBR-319, Fernanda
Meirelles.
Sobre o OBR-319
O
Observatório BR-319 é formado pela Casa do Rio, Conselho Nacional das
Populações Extrativistas (CNS), Coordenação das Organizações Indígenas
da Amazônia Brasileira (Coiab), Fundação Amazônia Sustentável (FAS),
Fundação Vitória Amazônica (FVA), Instituto de Conservação e
Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), Instituto
Internacional de Educação do Brasil (IEB), Transparência Internacional
Brasil, WCS-Brasil e WWF-Brasil.
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