Luiz Alberto Py
O Globo
Costumamos ouvir argumentos favoráveis à ideia da maldade intrínseca da nossa espécie e somos diariamente invadidos por notícias negativas sobre o comportamento das pessoas. São as notícias que chamam a atenção e nos fascinam pelo horror e por quanto estão distantes de nós.
Porém a imensa maioria da população é fundamentalmente generosa, solidária e altruísta. Ou seja, os maus e egoístas são uma minoria violenta e selvagem que contamina a sociedade.
SOLIDARIEDADE – Uma reflexão sobre a sobrevivência de nossos antepassados primitivos apoia a aceitação dessa tese. É fácil imaginar que os caçadores-coletores do começo da humanidade tiveram possibilidades muito melhores de sobrevivência ao se apoiar solidários para, juntos, enfrentar perigos e procurar alimentação e abrigo. Os solitários egoístas tiveram menos oportunidades de chegar a procriar.
Podemos supor que descendemos de criaturas sociáveis, empáticas, generosas e que carregamos em nosso DNA os genes do amor ao próximo e da solidariedade. Junto também, é claro, à violência dos caçadores carnívoros.
Ao aceitar a ideia de que os maus são a exceção, e não a regra, cumpre localizar e combater a maldade, o egoísmo e a predominância do ódio sobre o amor.
UNIÃO DOS BONS – É importante que os bons estejam unidos para combater aqueles que pregam o ódio, o rancor e a maldade como modo de viver.
Vale a pena localizar e enfrentar os que dão prioridade a demonizar os adversários e criam pretextos para extravasar sua violência e sua maldade.
Desde aquela minoria que veste a camisa de um clube de futebol e se sente autorizada a agredir ou mesmo a matar torcedores adversários até os que, a pretexto de defender sua religião como a verdadeira, têm, através dos séculos e até os dias de hoje, guerreado, oprimido e massacrado as pessoas que professam religiões diferentes. Sem esquecer os radicais na política.
TOLERÂNCIA – Por que não dar prioridade à tolerância e ao diálogo entre formas diferentes de pensar as crenças e as preferências pessoais e políticas em vez de, como tantos fazem, dar vazão à intolerância, ao radicalismo e à brutalidade?
Quem se considera uma pessoa boa deve se juntar aos bons e apoiar os tolerantes, os amorosos, aqueles que procuram dialogar e debater ideias. E evitar os maus, sem piedade, sem compaixão, os donos da verdade que insistem em fórmulas radicais e desejam eliminar seus adversários.
Os bons precisam procurar os que são capazes de se questionar e duvidar. E se afastar dos que têm certezas e fórmulas prontas. Esses são os perigosos.
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