Na Rússia de Putin, homem ainda é homem e mulher é mulher. Bruna Frascolla para a Gazeta do Povo:
Pena
que a Rússia é fria, distante e tem uma língua difícil de aprender. Não
fosse isso, eu iria para lá gozar da liberdades elementares sob o
governo de Putin. Não sendo eu uma homossexual, nem uma adepta de
Navalny, muito menos uma militante identitária, a minha vida de
escritora estaria melhor lá do que cá. E certamente está melhor cá do
que na Inglaterra.
Vejam
vocês que, se eu fosse uma dona de casa inglesa e tuitasse – não
escrevesse um artigo em jornal, mas tuitasse – que homens têm pênis e
mulheres têm vagina, a polícia viria atrás de mim para combater esse
crime de ódio cometido na internet. Praticamente o “flagrante perpétuo”
aplicado ao cidadão comum. Pois bem: ao menos em 2019, já eram duas as
mulheres visitadas pela polícia por causa de comentários transfóbicos.
Cito um parágrafo do Telegraph: “A defensora dos direitos das mulheres
Kellie-Jay Keen-Minshull foi interrogada por duas forças policiais
distintas após ser acusada de cometer crime de ódio por Susie Green, que
faz caridade ajudando crianças transgênero.” Que caridade!
O perfil do ativista
Nesse
ponto, o leitor estará se perguntando se Susie Green é homem ou mulher e
eu apostando minhas fichas em autoginecófilo. Antes de a mania trans
assolar as meninas, transexuais quase sempre eram homens, e dividiam-se
em dois tipos bem diferentes: o gay que quer ser mulher e o
autoginecófilo, o homem que tem tara por si mesmo fantasiado de mulher.
Essa diferenciação foi descoberta pelo sexólogo Ray Blanchard. O
autoginecófilo não se sente atraído por homens, e não raro começa a
fantasiar consigo próprio vestido de mulher na meia idade, quando já tem
mulher e filhos. Os ativistas mais estridentes do movimento trans são
os autoginecófilos. Assim, continuemos com o Telegraph: “As notícias
chegam depois de vir à tona o fato de que a devota católica Caroline
Farrow ter sido convidada pela polícia de Surrey a comparecer a um
interrogatório por ter supostamente usado o pronome errado para se
referir à filha transgênero da Sr.ª Green.”
Aqui
descobrimos que a Sr.ª Green tem uma filha trans. Será um
autoginecófilo que quer transicionar o filho ou uma Medeia? Outro tipo
ativista frequente é o das mães que brigaram com o homem e resolvem
descontar no filho. Com uns cliques conseguimos encontrar a Sr.ª Green
contando sua história. Ela era casada, tinha um filho efeminado que
queria ter nascido menina e o pai não o aceitava. Então em vez de
aceitarem o filho gay ficaram com uma filha trans. É a lógica dos
aiatolás iranianos, que matam gays e aceitam trans.
A
mãe leva a filha a uma clínica de gênero em Tavistock (que mais tarde
seria processada pela lésbica transicionada aos 16 anos Keira Bell) que,
para a surpresa de ninguém, recomendou a transição de sexo. A mãe
aceitou primeiro. O pai acabou aceitando também. Ninguém teve de lidar
com a ideia de que o filho talvez fosse apenas um rapaz muito efeminado
que sente atração sexual só pelo mesmo sexo; em vez disso, era uma
mulher presa no corpo de um homem. Corpo a ser castrado na adolescência e
medicado com hormônios artificiais pelo resto da vida. Por aí se vê
que, se Alan Turing nascesse na Inglaterra de hoje, ia ser castrado
antes de chegar à vida adulta.
A
criança começa a transição social – isto é, a andar de vestido com um
nome feminino – e tem sua primeira overdose. Sinal de que há muita
transfobia no mundo e o tratamento precisa continuar. O NHS tinha que
comprar bloqueadores hormonais para interromper a puberdade! O
bloqueador é o mesmo remédio usado para a castração química de
pedófilos.
Em
crianças, além de impedir o surgimento da libido, causa osteoporose no
longo prazo. Castrado quimicamente, o menino teve sete overdoses em três
anos, o que só mostra como a transfobia é um problema terrível mesmo. O
menino foi finalmente capado aos 16 anos e hoje tem peitos. Depois de
tudo isso, a mãe diz que a “filha” está feliz. Eu já perguntaria se toma
antidepressivo, mas o povo cheio de IDH acha normal tomar
antidepressivo. E ainda enchem a cara de pó, às expensas da vida de
sul-americanos.
Liberdade na Rússia para dizer o óbvio
Então,
continuando a historinha do Telegraph, o menininho efeminado não
recebeu castração química cedo o bastante, a católica chamou pelo
pronome masculino e a mãe louca chamou a polícia. A ativista ficou do
lado da católica, e isso lhe valeu duas visitas da polícia.
A
mesma ativista protagonizara outra polêmica pública na Inglaterra. Em
2018 ela alugou um outdoor para anunciar a definição de mulher do
dicionário: “fêmea humana adulta”. O outdoor foi denunciado à polícia e
retirado por discurso de ódio.
Na
internet, em sites alternativos, há alusões a uma prisão em 2020 de
Kellie-Jay Keen-Minshull, também conhecida por seu pseudônimo Posie
Parker. O certo é que as Big Techs ficaram ao lado dos ativistas trans, e
todas as contas dela em redes sociais foram excluídas.
Por
outro lado, na Rússia, se você quiser dizer que homem é homem e mulher é
mulher – uma verdade elementar para a esmagadora maioria de qualquer
país ocidental –, o chefe do seu Estado está ao seu lado. Putin defende
que mulheres são diferentes de homens e o esporte feminino vai acabar
caso os homens possam se declarar mulheres. Também tem o bom-senso de
dizer publicamente e em inglês que mentir às crianças dizendo que elas
podem escolher o “gênero” é quase um crime contra a humanidade. Mentir
talvez seja “quase” esse crime; castrá-las sem dúvida é.
Last,
but not least, vale frisar que o ativismo de Posie Parker na Inglaterra
é necessário por questões tão elementares quanto evitar estupro. No
ex-reino de liberdades, se um estuprador se declarar mulher, ele vai
para o presídio feminino. Onde estupra as presas. Aconteceu pelo menos
um caso assim em 2018. Se não aconteceu o mesmo no Brasil, é porque o
STF não vem sendo tão respeitado quanto deve, ou então porque o PCC
impediu. Afinal, Barroso já decidiu que a autodeclaração é suficiente
para o Estado reconhecer alguém como trans.
No
frigir dos ovos, ativistas como Posie Parker estão sob constante ameaça
de estupro, já que podem ser presas por discurso de ódio e a lei
britânica coloca qualquer hooligan em presídio feminino, desde que se
autodeclare mulher. Acho que nem a Arábia Saudita faz isso com as
mulheres.
Passaporte vacinal
A
acreditarmos na AFP, Putin se recusa a implementar a vacinação
compulsória, aconselha os cidadãos a ficarem longe das vacinas da
AztraZeneca e da Pfizer, e não impôs lockdown à sua população.
O
gancho para escrever este texto hoje foi a notícia de que a Rússia está
multando o Facebook e o Google em milhões de dólares por terem em suas
páginas publicações que incitam ódio religioso e promovem organizações
terroristas. Por mais defensores que sejamos das liberdades de
expressão, é fácil lembrar que qualquer terrorista islâmico pode ter uma
conta no Twitter, mas o Presidente Trump não. Aqui mesmo no Brasil, o
Youtube, do Google, derruba médicos que falam de ivermectina, mas deixam
funk proibidão comer solto. O Twitter também permitia que o Comando
Vermelho anunciasse drogas em paz, enquanto caçava “discurso de ódio”.
(No dia seguinte a esta reportagem da Gazeta do Povo, o Twitter apagou
as contas.)
Aí
fica a pergunta: se as Big Techs resolvem que elas não são plataformas
que publicam o conteúdo alheio, mas sim editoras responsáveis pelo que
sai, por que os chefes de Estado não as responsabilizam penalmente pelos
tuítes do Comando Vermelho ou do Hezbollah? Só Putin para enquadrá-las.
Nos
Estados Unidos, uma revista científica fez uma humilde cartinha para o
Tio Zuckerberg reclamando da censura. Por que isso não é um assunto de
Estado? As Big Techs censuram e pautam as democracias com a força da
grana.
Gosto
de democracia. Não tenho a Rússia como ideal. Mas precisamos concordar
que a vida está mais livre sob um ditador clássico do que sob os
escombros da democracia ocidental.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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