Uma geração vocal, urbana e egoísta parece disposta a esquecer os pobres e a cobrar um custo humano gigantesco às gerações futuras em nome de delírios ideológicos e ostentação da virtude que não tem. Temo Azevedo Fernandes via Observador:
Há vários anos que muitos deixaram de comer carne para diminuir as flatulências das vacas
e por isso para esses é incompreensível que o planeta e o clima sejam
totalmente indiferentes às seitas com credos apocalípticos acerca do
ambiente.
Pelos auto-intitulados especialistas em clima, nos últimos 50 ou 60 anos
a Terra já teria morrido várias vezes ou, na melhor das hipóteses,
estaríamos todos famintos e em guerra pela sobrevivência da espécie
humana.
Ao
longo de décadas foram já muitas as declarações pomposas de
instituições internacionais sobre o aproximar do fim do mundo em
consequência do mau comportamento das pessoas em relação à natureza e
produziram-se dezenas de livros e quilómetros de páginas de jornais,
ora alertando para um perigoso aquecimento global, ora para o regresso à
idade do gelo. E, depois, mais sofisticadamente, foram dados gritos de
alerta para alterações climáticas irreversíveis em curso, novo conceito
aplicável tanto em situações de frio como de calor.
O
problema destes enredos é que a realidade insiste em contrariar uma boa
história, com a chatice agravada de vivermos num mundo cada vez mais limpo e mais saudável.
No entanto, percebo bem que quem passou anos a fio a dizer que o capitalismo era terrível para uma vida em harmonia com a natureza, não lide maravilhosamente com a circunstância de os países onde a economia de mercado está mais avançada serem aqueles onde, por exemplo, há menor mortalidade infantil, melhor qualidade de vida e maior atenção aos cuidados a ter com o ambiente.
A
miopia e vício destes ditos especialistas é concentrar a sua atenção em
problemas cada vez de maior detalhe, mas menos significativos para a
harmonia de uma vida sustentável. Se dantes esgotos ou descargas
poluentes a céu aberto eram a sua prioridade de acção, hoje estão
empenhados em substituir os sacos de plástico das padarias por sacos de
papel reciclado.
É
também característica da religião tremendista da santa Greta ou do
salvador Guterres tomar cenários hipotéticos criados por peritos
financiados pelos governos nas suas versões mais extremadas e negativas,
o que invariavelmente faz destacar apenas os aspectos mais assustadores
dessas suposições académicas.
Mas,
por exemplo, a subida da temperatura ambiente não tem, necessariamente,
de ser um acontecimento indesejado. Há várias regiões do mundo que se
tornariam mais férteis e com uma vida menos inóspita com menos frio. E
percebemos também que nem tudo é uma tragédia se não esquecermos que o
número de pessoas afectadas por ano por inundações de rios
é hoje três vezes menor do que era na década de 70 ou 90 do século
passado. Actualmente, do mesmo modo, o número de mortes causadas por eventos naturais extremos é significativamente menor, sobretudo devido à melhor e mais eficaz preparação e adaptação das populações a esses fenómenos.
A
abordagem dos ambientalistas politizados negligencia de forma grosseira
ou mesmo manipuladora a evidência de que o planeta tem vindo a
verificar paulatinos, contínuos e positivos progressos no equilíbrio
ecológico da vida do homem na natureza, embora, com certeza, nem tudo
esteja isento de problemas ou desafios.
Convém
também fazer contas e considerar os custos económicos e implicações
negativas no modo de vida das pessoas com a implementação das medidas
que têm vindo a ser propostas de tentativa de combate às alterações
climáticas. O custo dessas acções poderia ser mais gravoso para as populações do que os custos das próprias alterações do clima.
Mas
as forças da natureza não têm de ser combatidas. Ao longo de séculos o
engenho e inovação dos homens sempre permitiu adaptações bem-sucedidas
às condições climatéricas (algumas surpreendentes) e que foram evoluindo no decurso da História.
Porquê
a quixotesca ideia de dominar e controlar a natureza e tentar travar
toda e qualquer alteração climática? Se a prossecução desse infantil
objectivo implica uma mudança radical do nosso modo de vida
e uma disrupção completa do modelo de crescimento económico dos países,
não é legítimo nem moralmente aceitável empreender experimentações
sociais radicais, que atrasariam por gerações a chegada de muitos
milhões de pessoas ao nível de padrão de vida material da classe média a
que os activistas climáticos pertencem.
Os
fins justificariam esses meios? Uma geração vocal, urbana e egoísta
parece disposta a esquecer os pobres e a cobrar um custo humano
gigantesco às gerações futuras em nome de delírios ideológicos e
ostentação da virtude que não tem.
À
medida que a qualidade ambiental das nossas sociedades vai melhorando, a
sobrevivência dos grupos e movimentos activistas pelo clima está
dependente de uma cada vez maior radicalização do seu discurso e de uma
fuga para a frente nas respectivas mensagens apocalípticas. Daí que deixem de atender à realidade dos factos e procurem fazer centrar a sua acção na exigência de políticas públicas e legislação com base em modelos matemáticos.
As
seitas anti-alterações climáticas vivem e sobrevivem com dogmas de fé
em extrapolações estatísticas e têm como liturgia adaptar a realidade à
implausível e mirabolante perfeição dos seus modelos econométricos. Mas a
sua influência junto dos governos e de quem está em posição de poder é
significativa. Exemplo disso é o painel intergovernamental das Nações
Unidas que recentemente analisou e preparou um memorando de acção sobre
estas matérias.
Como se sabe, colocar políticos a gerir o deserto do Sahara teria, em pouco tempo, como resultado a escassez de areia.
Combinar políticos e ambientalistas para desenhar um plano de acções de
combate às alterações climáticas, terá como resultado o empobrecimento
das populações e colocará a liberdade como uma espécie em vias de
extinção.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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