MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 29 de maio de 2021

Consumo diário de cigarros na pandemia aumentou mais de 30%

 


O maior tempo dentro de casa fez com que a busca por ‘válvulas de escape’ como o cigarro aumentasse durante a pandemia


Tribuna da Bahia, Salvador
29/05/2021 09:38 | Atualizado há 6 horas e 7 minutos

Foto: Reprodução

Por: Lily Menezes

Com o cenário atípico imposto pela pandemia e a obrigação de mudanças na rotina, muitos brasileiros se viram numa espiral interminável de sentimentos, especialmente com a incerteza de quando tudo irá acabar. O maior tempo dentro de casa fez com que a busca por ‘válvulas de escape’ como o cigarro aumentasse durante a pandemia. A situação de quem já fumava ficou ainda mais delicada. Uma pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelou que 34% dos brasileiros fumaram dez cigarros a mais do que o habitual. Porém, a satisfação momentânea de fumar um cigarro, que chega ao cérebro em no máximo vinte segundos, custa caro ao corpo como um todo: mais de sete milhões de pessoas já morreram em todo o mundo diretamente pelos males da droga lícita, que é o maior fator de risco evitável para doença e morte. 

Para conscientizar a população dos riscos que o hábito causa, no dia 31 de maio é comemorado o Dia Mundial Sem Tabaco. Na ocasião, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) irá organizar um evento virtual para incentivar o compromisso de parar de fumar. Segundo a entidade, que faz levantamentos periódicos a respeito de novos casos e óbitos em relação aos tipos de câncer, os tumores na região da traqueia, brônquios e pulmões são os que mais matam homens (13,8%) e o segundo a apresentar mais óbitos em mulheres (11,4%) em todo o Brasil. Na Bahia, pouco mais de um milhão de pessoas declarou usar cigarros, sendo o segundo estado com menor presença de fumantes, segundo a última Pesquisa Nacional de Saúde divulgada pelo IBGE. 

Ansiedade

Para a Fiocruz, a piora na saúde mental pode ser a causa mais evidente para o aumento expressivo do tabagismo: com mais tempo em casa e os dias parecendo todos iguais, o cigarro passa a aparecer como uma distração. O consumo aumentou especialmente para quem está com dificuldades para dormir, sente uma tristeza que não consegue controlar e se sente nervoso com os acontecimentos. Entretanto, como a pandemia no país ainda não tem hora para acabar, o tabagismo pode acabar se agravando ainda mais. “De qualquer forma, esse é um cenário muito preocupante, não só porque o cigarro é um fator de risco para várias doenças, inclusive para a Covid-19. Mas, como há uma possibilidade desse hábito permanecer após a quarentena, já que a nicotina é altamente viciante, e o cigarro associado aos outros fatores que vieram com a pandemia, como o estresse, diminuição do exercício físico e ansiedade, pode elevar o número de casos de doenças crônicas, cardiovasculares e câncer e se tornar um problema de saúde grave”, explica o epidemiologista Paulo Borges, responsável pelo estudo sobre os hábitos durante a pandemia.

Outra pandemia

Muita gente não sabe, mas o tabagismo é considerado uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde, tendo um papel decisivo para o agravo do paciente contaminado pelo novo coronavírus, especialmente para quem é adepto da prática do compartilhamento de cigarros como o narguilé. A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) alerta para a importância do abandono do cigarro. “Fumar é fator do risco para contrair infecções respiratórias e agravar o quadro dessas doenças, incluindo a Covid-19”. O pneumologista é capaz de tratar as doenças relacionadas ao tabagismo, mas é ainda importante preveni-las; a orientação da Sociedade é de que o fumante vá procurar por ajuda antes que os sintomas se intensifiquem. O coordenador da Comissão Científica de Tabagismo da SBPT, Dr. Paulo César Corrêa, enfatiza que é preciso persistência para se livrar da doença. “Em média, precisa-se de cinco a sete tentativas para poder parar de fumar. Portanto, o importante é não desistir. A cada tentativa o fumante aprende algo, e ainda que não pare naquela vez, na próxima tentativa ele será bem sucedido. O segredo é ir tentando com auxílio médico, de preferência do pneumologista, médico mais capacitado para realizar o atendimento”.

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