Oficiais-generais avaliam que presidente não recupera mais capital
político após saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça. Observam que a demissão, na forma como ocorreu, põe o Congresso e a sociedade no debate de um impeachment. Reportagem do Estadão:
Oficiais-generais ouvidos pelo Estado avaliaram que o governo de Jair Bolsonaro terá dificuldades de se levantar após a despedida de Sérgio Moro do cargo de ministro da Justiça. Eles se disseram “perplexos” e “chocados” com as declarações do ex-juiz da Lava Jato acusando o presidente de interferência na Polícia Federal e fraude.
Um dos militares disse que Bolsonaro virou, no mínimo, um “zumbi” no
Palácio do Planalto e Moro saiu ainda maior na sua condição de “ícone”
da nova política. “Tudo tem limite”, afirmou um dos generais à
reportagem. Outro disse que o presidente cometeu “suicídio” e não
recupera mais seu capital político.
O tamanho do problema ainda está sendo avaliado, mas todos ressaltam
que as consequências são "imprevisíveis". O que joga principalmente
contra Bolsonaro, neste momento, é a credibilidade de Sérgio Moro.
Portanto, mesmo que o governo ou o Palácio tente exigir que o ex-juiz da
Lava Jato prove o que falou a credibilidade de Moro e o seu
comportamento têm peso muito mais forte e fala por si.
À reportagem, os militares avaliaram que os sinais dados por
Bolsonaro, além da questão da sucessão e interferência na Polícia
Federal, são “péssimos” e se movimentam no rumo de setores da política
“nefastos”, isto é, a “velha política” que ele mesmo condenou.
Dois oficiais lamentaram que o projeto de país que se estava tentando
construir, mesmo com os percalços, foi enterrado com o discurso “forte”
de Sérgio Moro. Eles disseram que o presidente destruiu várias pontes
de governabilidade que estavam sendo construídas. E, pior, fez um gesto
político de pressionar Moro, que não é Luiz Henrique Mandetta, demitido
na semana passada do Ministério da Saúde. E, pior, colocou o País em
nova crise política, num momento de grave pandemia do coronavírus.
Os oficiais-generais chegaram a lamentar que estejam nesse processo
político – no governo - “até o pescoço” e, agora, não sabem ainda como
sair da encruzilhada em que se meteram. A situação toda é muito
delicada, eles dizem. Todos deixaram claro que o momento político exige
reflexão. Mas observam que a demissão de Moro, e como ocorreu, põe o
Congresso e a sociedade no debate de um impeachment.
Eles lembraram que têm um compromisso constitucional com o Estado e
que, por isso, não abandonam o barco. À reportagem, constataram ainda
que um processo de afastamento do presidente é um caminho “longo” e
“difícil” de ser executado. Por isso, prevalece a opinião na caserna que
o destino de Bolsonaro pode ser mesmo o de seu antecessor, Michel Temer
– um zumbi após as acusações que envolviam o grupo JBS.
BLOG ORLANDO TAMBOSI

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