MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 3 de julho de 2019

População cresce, a economia se retrai e Furnas se torna exemplo dessa contradição

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Charge do Duke (dukechargista.com.br)
Pedro do Coutto
A população brasileira cresce à velocidade de 1% ao ano, já descontado o índice de mortalidade de 0,7% a cada doze meses. Portanto, surgem a cada exercício 2 milhões de pessoas, o que permite estimar que o mesmo número se projete por igual em todas as idades até o limite de vinte anos. Processo que nos leva a mostrar um quadro econômico e social preocupante. Sobretudo porque a economia deve se expandir mais do que a população, para reduzirmos o índice de desemprego ao lado da taxa dos que lutam mas encontram dificuldades para entrar em campo.
E o não emprego projeta-se como um obstáculo contra o ingresso dos jovens na mão de obra ativa do país, favorecendo inclusive o aumento da criminalidade.
EM QUEDA – A produção industrial recuou 0,2% no primeiro semestre. Algo extremamente grave, uma vez que a produção cai, enquanto o índice demográfico cresce. Na verdade o consumo não pode avançar pois este só pode ser impulsionado pela renda do trabalho. Ou então depende dos estímulos aos empréstimos que inundam espaços publicitários da televisão. Mas neste caso, todos devemos lembrar que há 60 milhões de brasileiros e brasileiras na faixa da inadimplência que se projetam nos cadastros dos bancos e das lojas que oferecem créditos difíceis de resgatar. A população está perdendo poder de compra e assim o progresso torna-se cada vez mais distante.
Nos casos em que demitidos conseguiram voltar ao trabalho ativo os níveis de salário baixaram, resultado da eterna lei entre a oferta e a procura. O mercado emprega na escala mínima de remuneração.
EXEMPLO DE FURNAS – Mas no título deste artigo inclui a estatal Furnas como exemplo do atual impasse brasileiro. Matéria da repórter Ramona Ordonez, edição de ontem de O Globo, assinala que a segunda maior estatal do país vai mudar de endereço. Sai da Real Grandeza para diminuir as despesas com o pagamento de aluguel dos três edifícios que ocupa. Eles são de propriedade da Fundação Real Grandeza, Fundo de Pensão e Complementação de aposentadorias, a verdadeira locadora. Surge aí uma outra contradição. O Fundo de Pensão teve origem quando Furnas começou a operar. Agora, a proprietária deverá locar o complexo para outras empresas.
A face essencial da questão é que o governo Jair Bolsonaro, de acordo com o projeto Paulo Guedes, tem como prioridade diminuir custos, não levando em conta ampliar a produção e a consequente receita. Entretanto, o Planalto deveria ter como meta o aumento da produção de energia para atender o complexo industrial e a população consumidora.
HOMEM DO SIM – Criada pelo presidente JK, Furnas se tornou um dos símbolos do desenvolvimento brasileiro. Me lembro que em uma entrevista à imprensa, no Palácio do Catete, o presidente dos anos dourados afirmou que energia elétrica era absolutamente fundamental para assegurar a industrialização do país.
Juscelino era o homem do sim contra aqueles adoradores do não. Um otimista, contemporâneo do futuro, como então o definiu Paulo Pinheiro Chagas no seu  livro sobre JK e seu tempo. Hoje não se pensa em alargar os espaços da produção, reduzir o desemprego, retomar à alvorada que deu nome ao palácio residência do presidente da República. A direção de Furnas, ao invés de projetar para uma maior produção de energia, através de suas linhas e da transmissão de Itaipu, volta ao passado considerando estratégico o não pagamento de aluguel.  A estatal torna-se um exemplo emblemático da política de governo em vigor.
Furnas sai da condição de maior inquilina do país e passa a viver no passado.

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