Foto: Dida Sampaio / Estadão
A suspeita de que o gasto eleitoral de candidatas do PSL de
Minas Gerais em gráficas não tenha passado de simulação foi um dos
elementos que reforçaram o pedido e a autorização das prisões e buscas
realizadas pela Polícia Federal em Brasília e Minas Gerais nesta
quinta-feira (27). Na primeira fase da operação, em abril, os policiais
federais foram a seis endereços em Minas, mas em praticamente nenhum
deles encontrou indícios de que tenha havido efetiva prestação de
serviço para as candidatas investigadas, conforme revelou o jornal Folha
de S.Paulo. Nesta quinta a PF prendeu, com autorização da Justiça, um
assessor especial do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, e dois
ex-assessores que chefiaram sua campanha no Vale do Aço, em Minas. A
investigação da PF começou após a Folha de S.Paulo revelar, em
fevereiro, que Álvaro Antônio patrocinou esquema de candidaturas
laranjas do PSL no estado -apesar de quatro delas terem recebido R$ 279
mil de verbas da sigla, tiveram pouco mais de 2.000 votos, claro
indicativo de que não houve campanha real. Parte desse dinheiro voltou
para empresas ligadas ao gabinete do hoje ministro de Jair Bolsonaro
(PSL). Na busca e apreensão de abril, os dirigentes das gráficas que
teriam prestado serviço para essas candidatas não apresentaram provas
desse trabalho. Em uma delas, por exemplo, a PF encontrou ordens de
serviço relativas a 2012, mas nenhum sinal dos supostos trabalho
prestado em 2018 para o PSL. Na ocasião, o delegado responsável pelas
apurações, Marinho Rezende, afirmou haver indícios concretos de que as
candidatas mentiram na prestação de contas apresentada à Justiça. As
gráficas indicaram como interlocutor no PSL Mateus Von Rondon, o
assessor especial de Álvaro Antônio preso nesta quinta. Levado para a
superintendência da PF na capital federal, ele prestou depoimento por
mais de três horas. A apuração em Minas se refere aos crimes de caixa
dois eleitoral e de apropriação indevida de dinheiro de campanha, com
pena de até cinco ou seis anos de prisão, respectivamente. Segundo o
TRE-MG (Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais(, a decisão do juiz
Renan Chaves Machado, da 26ª Zona Eleitoral, não será divulgada por
estar sob segredo de Justiça. O Ministério do Turismo disse em nota que a
investigação contra Von Rondon não guarda relação com sua atividade na
pasta e que aguarda mais informações para se pronunciar. Álvaro Antônio
sempre negou participação em irregularidades. O PSL nacional -comandado
por Luciano Bivar, também suspeito de replicar o mesmo esquema em
Pernambuco- divulgou nota dizendo que as investigações são seletivas,
visando atingir o partido do presidente da República.
Folha de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário