Os brasileiros vêm expressando sua opinião e discutindo suas ideias
pelas redes sociais em um engajamento político jamais visto no país.
Artigo de Alexandre Nigri, via Gazeta do Povo:
O Brasil vive seu ápice de democracia como jamais visto antes. Nem
mesmo na década de 1983, durante o movimento que ficou conhecido como
Diretas Já e que reuniu quase 1 milhão de pessoas no Vale do Anhangabaú,
em São Paulo, vimos bradar tão imensamente a força da liberdade de
expressão vinda de tão distintos e heterodoxos grupos de pessoas, que,
apesar de exaltação, culminam em mesmo ímpeto patriótico de tornar o
país uma nação melhor.
Com celular empunhado, este imenso contingente de brasileiros, nestes
últimos meses, vêm expressando sua opinião e discutindo suas ideias
pelas redes sociais num exuberante exercício de cidadania que somente um
pátria amada poderia incitar.
Vivemos um momento de engajamento coletivo, em que o sentimento é de
romper os paradigmas da Síndrome de Estocolmo coletiva que nos acometeu,
e que nos fez reféns por tantos anos de um sistema político nefasto e
corrupto e que dele nos fez alimentar.
Mas há de se chamar atenção para esta onda de expressão que se
propagou pelas mídias sociais há aproximados dois anos, e para quem a
preconizou. Para quem tão habilmente iniciou este novo modus operandi de
fazer campanha política, andando pelas ruas, postando multidões de
pessoas fazendo flexões em aeroportos, enviando mensagens de ordem
política em grupos de WhatsApp.
Com um discurso feroz e muitas vezes irreverente, conspícuo, rústico,
mas corajoso, há de se reconhecer Jair Bolsonaro. Um político
controverso, mas que fez sua campanha sem dinheiro, sem conspurcar com
as velhas alianças políticas, usufruir de Fundo Partidário ou
utilizar-se da máquina estatal para alcançar seus objetivos.
Bolsonaro sempre projetou suas ideias polêmicas sem qualquer
parcimônia, ao mesmo tempo em que não flertou com ideias populistas que
garantem votos, nem mesmo quando se encontrava em posição de
desvantagem, por exemplo com os meros 7% em pesquisas feitas no hoje
longínquo abril de 2017.
Apenas como exemplo das ideias que defende, e do estigma causado por
seu enfrentamento, não teve a menor preocupação em promover a polêmica
da castração química como forma de combate à pedofilia e ao estupro –
afinal, o predador sexual é, por fisiologia, um agressor contumaz, e ao
ser apenas encarcerado e liberado, normalmente mais cedo por bom
comportamento em progressão de pena, tende a ser reincidente; dessa
maneira, será injusto para com a sociedade e até para o próprio
criminoso estar em liberdade sem a castração. Por defender essa tese,
Bolsonaro ganhou a alcunha de desumano e extremista.
Também por outras razões, outros adjetivos lhe foram atribuídos, como
o de “nazista”, ainda que Bolsonaro defenda ferrenhamente o Estado de
Israel e a transferência de sua capital para Jerusalém. Também ganhou a
condição de racista e misógino, mesmo que sua mulher seja
afrodescendente e que o candidato tenha praticamente eleito o negro
Hélio Fernando Barbosa Lopes, o “Hélio Negão”, deputado mais votado do
Rio de Janeiro, e feito de Janaina Paschoal a deputada mais votada da
história do país.
Para sempre, e para que no futuro a história não seja contada apenas
pelos vencedores, como diz a tão famosa frase atribuída a George Orwell,
caso Bolsonaro seja eleito presidente neste segundo turno, que não
ignoremos que este polêmico deputado federal vindo do chamado “baixo
clero” disputou esta contenda com um partido nanico em comparação com o
gigantismo do PT; um regime de forças historicamente comparável ao
confronto bíblico entre Davi e Golias, ocorrido no território de
Efes-Damim, em Israel, e no qual Davi, ao vencer o gigante Golias,
evitou que o povo hebreu fosse escravizado pelos filisteus.
Não sabemos ao certo que tipo de governo o candidato fará, nem se
honrará seu mote de campanha, “Brasil acima de tudo, Deus acima de
todos”. Mas terá dado a todos e a cada um de nós um belíssimo exemplo de
humildade e coragem, e, à nação, a esperança de um país melhor. Se Jair
Bolsonaro vencer as eleições para a Presidência, terá entrado para
história como o brasileiro que foi à batalha com um exército de um homem
só; que, apenas com suas ideias e a força da democracia como suas
armas, arregimentou um batalhão de milhões de brasileiros que clamam
pela democracia, pela justiça, pela ética e por um presidente que cuide
de nós, brasileiros; desta vez, verdadeiramente como nunca antes na
história deste pais.
Alexandre Nigri é CEO do Grupo Maxinvest.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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