MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Papa Francisco visita Suécia para consolidar reconciliação com protestantes


O papa Francisco e importantes representantes luteranos expressaram nesta segunda-feira, na Suécia, seu profundo pesar pelos massacres e prejuízos ocasionados pelo cisma entre cristãos e apelaram ao diálogo com vistas à unidade.

O pontífice chegou nesta segunda-feira à Suécia por ocasião do aniversário de 500 anos da Reforma de Lutero.

"É uma viagem importante" de um ponto de vista ecumênico, declarou o papa a jornalistas presentes no avião que o levou a Malmö, no extremo sul da Suécia.

Enquanto os teólogos luteranos e católicos continuam o seu lento diálogo doutrinário iniciado há 50 anos, a ambição do papa é se aproximar, através de ações concretas, os 1,2 bilhão de fiéis católicos de seus irmãos protestantes, neste caso os luteranos (74 milhões de fiéis).

Em 31 de outubro de 1517, o monge católico alemão Martinho Lutero atacou o comércio pelo papa de "indulgências" pelo perdão dos pecados e um acesso mais fácil para o paraíso, colocando suas "95 Teses" na porta de uma capela de Wittenberg (sul de Berlim).

Ele foi excomungado e esta ruptura resultou em guerras religiosas sangrentas nas décadas seguintes.

"Devemos olhar nosso passado com amor e honestidade e reconhecer nossa culpa e pedir perdão", declarou em uma homilia o papa, rodeado de pastores protestantes, durante uma oração ecumênica na catedral luterana de Lund (sul), que foi católica no passado.

Durante a cerimônia, o cardeal suíço Kurt Koch recordou "os fracassos" dos católicos e luteranos que "provocaram a morte de centenas de milhares de pessoas".

"Lamentamos o dano causado mutuamente por católicos e luteranos", acrescentou.

A Igreja católica também homenageou a contribuição de Lutero: "com gratidão, reconhecemos que a Reforma contribuiu para dar um papel central à santa escritura na vida da Igreja", declarou Francisco em sua homilia.

"Não podemos nos resignar à divisão e ao afastamento que a separação provocou entre nós. Temos a ocasião de reparar um momento crucial de nossa história, superando as polêmicas e mal entendidos que impediram o entendimento entre nós", afirmou o pontífice.

Um diálogo difícil

Em um longo sermão, o pastor Martin Junge, secretário-geral da Federação Luterana Mundial, que organiza o evento, também considerou que este "momento histórico" é uma oportunidade para que católicos e luteranos "se distanciem de um passado marcado pelo conflito e a divisão".

"Nós nos damos conta de que aquilo que nos une supera com folga o que nos divide. Somos brotos da mesma videira", reforçou, lamentando a fragmentação dos cristãos.

Ainda assim, uma declaração conjunta assinada pelo papa e pelo presidente da Federação Luterana Mundial, o bispo palestino Munib Yunan, mostrou um persistente desacordo doutrinário: a simbologia muito diferente em torno da eucaristia.

Casais mistos católico/protestante não podem celebrar a comunhão em uma mesma igreja.

"Muitos membros das nossas comunidades gostariam de poder receber a eucaristia em uma mesma mesa, como expressão concreta de uma unidade plena", destaca o texto comum lido pela bispa luterana Helga Haugland Byfuglien.

Mais tarde, foi celebrado um encontro ecumênico em um estádio de Malmö, cuja renda será destinada a refugiados sírios.

A organização humanitária católica Caritas e sua equivalente luterana, o Serviço Mundial da Federação Luterana Mundial, assinaram uma declaração conjunta com a finalidade de desenvolver sua cooperação, sobretudo para ajudar os migrantes.

Os organizadores deram a palavra a sobreviventes de países em guerra, como Burundi e Sudão do Sul. O bispo caldeu de Aleppo, na Síria, Antoine Audo, deu um dos testemunhos mais impactantes. "A maioria dos hospitais foi destruída e 80% dos médicos abandonaram Aleppo. Na Síria, três milhões de crianças não vão à escola", disse, alertando para o iminente desaparecimento da comunidade cristã naquele país.

Da Suécia, uma terra de asilo para muitas pessoas, o papa agradeceu a "todos os governos que dão assistência aos refugiados, aos deslocados e a quem pede asilo", "um grande gesto de solidariedade e reconhecimento de sua dignidade".

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