MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 29 de outubro de 2016

Pigmentação nas mamas devolve autoestima a quem enfrentou câncer


Dois profissionais em Salvador oferecem serviço de graça a quem precisa.
'Quero me sentir viva', diz mulher que espera cirurgia para utilizar a técnica.

Maiana BeloDo G1 BA
Devolver a autoestima das mulheres é a motivação de dois profissionais de Salvador, Eliane Francine Andrade e Álvaro Medrado. Cada um com sua técnica, eles reconstroem a auréola do seio de quem teve câncer de mama. Eles redesenham a parte da mama perdida ou lesada por conta da cirurgia de retirada do seio. Os dois não trabalham juntos, mas ainda que uma atuação distinta, é uma soma que resulta em ajuda para quem teve de enfrentar a doença.
Álvaro é tatuador há 20 anos e tem um estúdio na capital baiana. Já ela é esteticista e apossui uma clínica, também em Salvador. Eliane trabalha com micropigmentação há três anos, processo que consiste em implantar (pintar) pigmentos na derme, assim como a tatuagem.
Os dois resolveram oferecer gratuitamente a reconstrução da auréola da mama de mulheres que não têm condições de pagar pelo serviço, que custa em média R$1.500. Ambos usam uma técnica que simula 3D e o bico do seio parece real.
Auréola da mama de uma paciente de Eliane na Bahia (Foto: Arquivo Pessoal)Auréola da mama de uma paciente de Eliane
(Foto: Arquivo Pessoal)
Eliane iniciou em 2015 o projeto que faz atendimentos gratuitos. As atividades a custo zero são realizadas no mês de outubro, durante a campanha nacional contra do câncer de mama. No ano passado, Eliane atendeu duas pessoas sem qualquer custo e, este ano, ela está em processo de avaliação com duas pacientes.
"A divulgação é através das redes sociais, mas considero pouca. As pessoas também ainda estão conhecendo a técnica, mas eu estou disposta a conversar, explicar e fazer as avaliações necessárias", diz.
Para participar, as pacientes têm de provar que não podem pagar pelos serviços. "Sinto como está o psicológico da pessoa. Não estabeleci uma cota. O lado humano me motivou. Eu costumo me colocar no lugar do outro. A gente tem que fazer o bem sem olhar a quem e querer nada em troca. Se eu estou bem no meu trabalho, por que não ajudar com o que sei fazer? O custo é todo meu, anestésico, equipamentos", relatou.
Álvaro e Eliane oferecem atendimento gratuito em Salvador para pacientes que queiram recontruir a auréola da mama (Foto: Arquivo Pessoal)Álvaro e Eliane oferecem atendimento gratuito em
Salvador para pacientes que queiram recontruir
a auréola da mama (Foto: Arquivo Pessoal)
Ainda conforme Eliane, as mulheres que a procuram para a reconstrução da auréola do mamilo passam por uma avaliação. "Concluo o trabalho em duas sessões. A satisfação não tem preço, saber que eu devolvi a autoestima de alguém", declarou. Para fazer o atendimento com Eliane, os interessados devem ligar para (71) 3043-0752.
Tatuagem
O entusiasmo e alegria das mulheres que passam pelo processo de reconstrução da auréola do seio através da pintura fixa também motiva Álvaro. Há 10 anos, ele oferece o serviço pago no próprio estúdio de tatuagem e já reconstruiu, através da tatuagem, a mama de 50 pacientes. Há um mês, ele começou a atuar gratuitamente. Álvaro é um dos principais tatuadores da capital baiana. Conhecido pelos desenhos que faz há 20 anos na pele das pessoas, agora ele mostra outro lado do próprio trabalho.
Antes e depois da mama de uma cliente de Álvador que teve câncer na Bahia (Foto: Arquivo Pessoal)Antes e depois da mama de uma cliente de Álvaro
(Foto: Arquivo Pessoal)
Ele está disponível uma vez por semana para atender pacientes de graça. O tatuador divulgou o serviço através das redes sociais. Assim como Eliane, Álvaro destaca que a procura ainda é pouca, entre cinco ou sete pessoas entraram em contato com ele para serem atendidas.
"Já fazia sobrancelha definitiva (técnica fio a fio), e por conta de algumas pessoas gostarem do resultado, geralmente mulheres, algumas me perguntaram a respeito da aréola [da mama], então me interessei em desenvolver esse trabalho, principalmente por conta do resultado. Lembro das primeiras tatuagens, foi muito emocionante e gratificante", relatou.
Álvaro pretende manter a atividade ao longo do ano, com o atendimento uma vez por semana. "Antes de fazer esse tipo de trabalho, não imaginava o quanto mexia no emocional das pessoas, na autoestima. Além de ser um desafio, porque a pele não é igual, é fantástico ver como as pessoas se emocionam", contou.
No estúdio de Álvaro, as pessoas também precisam fazer o agendamento e passam por uma avaliação. É necesário provar que não tem dinheiro para pagar ela pigmentação da auréola do mamilo. Os interessados podem entrar em contato através do número (71) 3264-9327.
Vanessa com os filhos e marido apóso câncer de mama (Foto: Arquivo Pessoal)Vanessa com os filhos e marido após o câncer de
mama (Foto: Arquivo Pessoal)
'Quero me sentir viva novamente'
Vanessa Nascimento, 35 anos, está entre as pacientes que tiveram câncer de mama e procuraram reconstruir a auréola do seio através da tatuagem. Vanessa é dona de casa e natural de São Paulo, mas mora em Camaçari, região metropolitana de Salvador há cerca de 13 anos, desde quando o marido foi transferido para a Bahia por conta do trabalho. O casal tem dois filhos.
Vanessa descobriu o câncer em 2014 quando fez o autoexame em casa. "O mastologista mandou fazer a punção do nódulo que percebi e, após o resultado, precisei operar. Eu tirei toda a mama esquerda", conta. Em 2016, ela começou o processo de reconstrução do seio e este ano passou a pesquisar sobre a possibilidade da pintura a auréola.
Foi uma amiga, que também trabalha na área de dermopigmentação, que indicou Eliane a Vanessa. Dessa forma, a dona de casa conheceu a técnica de reconstrução da auréola do mamilo. Como ainda vai passar por mais uma cirurgia este ano, Vanessa pensa em fazer a pigmentação no início de 2017.
"Procuro qualidade de vida. Quero me sentir viva novamente. Quando tirei a mama eu tinha possibilidade de fazer isso [a reconstrução] no ato, mas minha preocupação era com a saúde, ficar bem. Tenho 14 anos de casada, dois filhos, sou ativa, vou à praia. Era possível viver com prótese móvel, mas tudo indicava que era melhor eu tentar [a reconstrução]. Mesmo meu marido me tratando da melhor forma possível, eu não me sentia bem. Ter aquele vazio na mama era estranho", relatou.

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