MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Pelo menos 10 candidatos às eleições municipais foram mortos desde junho


As eleições deste ano estão entre as mais violentas já registradas nas últimas décadas no país. Em nove meses, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pelo menos 20 pré-candidatos ou candidatos ao pleito municipal já foram assassinados no Brasil. De junho para cá, são no mínimo dez homicídios e 27 atentados a políticos, a maioria envolvendo armas de fogo, conforme levantamento do Hoje em Dia.
O caso mais recente, que chocou o país, ocorreu na última quarta-feira durante uma carreata em Itumbiara, no Sul de Goiás. O candidato a prefeito José Gomes da Rocha (PTB), o Zé Gomes, e cabo da Polícia Militar, Vanilson João Pereira, foram mortos a tiros.
Durante o atentado ficaram feridos também o vice-governador José Eliton (PSDB) e o advogado da prefeitura de Itumbiara, Célio Rezende, que se encontram internados. O atirador, o funcionário público Gilberto Ferreira do Amaral, de 53 anos, foi morto em seguida por seguranças do governo.
O aumento da violência nessa eleição levou o ministro Gilmar Mendes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a pedir que a Polícia Federal investigue o ataque. Ele considerou o episódio “chocante” e “deplorável”.
Ontem, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, reconheceu que houve um aumento na demanda por integrantes das Forças Armadas para reforçar a segurança durante o período eleitoral neste ano. “Há um crescimento sim. A média histórica fica em torno de 300 municípios, e nós já estamos em 408 municípios, engajando 25 mil homens em 14 Estados”, disse.
Com a proximidade do primeiro turno, a barbárie tem se intensificado. Dos 27 atentados levantados pela reportagem do Hoje em Dia em todo o país, sete casos foram registrados somente no último dia 28. Em território mineiro, os episódios mais recentes aconteceram em Minas Novas e Ribeirão das Neves (veja infográfico).
O promotor de Justiça Edson Resende Castro, coordenador do Centro de Apoio Operacional Eleitoral (CAEL), também está surpreso com o aumento dos casos de violência.
“Não me lembro de termos registrado homicídios na última eleição. No geral, estávamos num ambiente de tranquilidade. Agora que tivemos esse fato em Minas Novas. É mais uma questão de rixas regionais. Nas cidades menores, as eleições são muito apropriadas por famílias, que se alternam no poder. Perder a eleição significa perder para a família adversária. É um processo muito mais apaixonado”, avalia.

Afronta à democracia
O cientista político Paulo Roberto Figueira Leal, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), avalia que os atentados podem ter várias questões relacionadas, como econômicas, envolvendo milicianos e candidatos associados às milícias. “É um sintoma que segmentos à margem das estruturas legais buscam, cada vez mais, ter presença no espaço público, como é o caso do Rio de Janeiro”, enfatiza.
Segundo ele, o mais preocupante agora é a funcionalidade da democracia. “Ela pressupõe que as pessoas possam apresentar seus projetos livremente, sem que isso lhes cause um custo, inclusive a perda da própria vida”, salienta.

Gilmar Mendes classifica como ‘deplorável’ as mortes em Goiás
BRASÍLIA – O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, classificou de “chocante” e “deplorável” a morte de três pessoas, entre elas o candidato a prefeito José Gomes da Rocha (PTB), o Zé Gomes, na última quarta-feira, em Itumbiara.
“(O episódio em Itumbiara) Deu a impressão de atentado. As investigações ainda estão sendo feitas, ainda não se tem claro qual foi a motivação, mas evidentemente parece estar associado a um contexto ou atuação política. Isso certamente será devidamente esclarecido. Mas realmente se trata de um episódio chocante e deplorável para todos os títulos”, disse o ministro a jornalistas.
O presidente do TSE entrou em contato com o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, e pediu que a Polícia Federal investigue o assassinato.
Questionado sobre outros episódios de violência envolvendo candidatos nesta campanha eleitoral, Gilmar Mendes disse que o TSE está acompanhando os casos “com muita atenção”. “Estamos atendendo aos pedidos feitos pelos tribunais regionais e governadores para presenças de forças federais nos vários Estados”, destacou.
Na última segunda-feira, o presidente da Portela e candidato a vereador pelo PP, Marcos Vieira de Souza, conhecido como Marcos Falcon, foi assassinado a tiros em Campinho, Zona Norte do Rio, em pleno comitê de campanha.
Ele era ex-policial militar, acusado de ligação com milícias e estava jurado de morte havia meses, segundo investigação da Polícia Civil do Rio “Estamos ainda carentes de explicação (sobre a morte de candidatos nessas eleições), no Rio de Janeiro nós temos a presença de milícias, a questão do crime organizado, narcotráfico. Estivemos duas vezes na Baixada Fluminense, conversamos com as autoridades, discutimos a presença das Forças Armadas e Nacional”, ressaltou Gilmar Mendes.
Para o presidente do TSE, “aparentemente” a maioria dos casos de morte de candidatos está relacionada a questões eleitorais. “Embora também as autoridades do Rio tenham dito que havia disputa de algumas atividades ligadas ao crime comum, ao crime ordinário, mas isso envolve sempre milícias, envolve o narcotráfico”, disse.
Agência Brasil
ALÉM DISSO
Uma bomba de fabricação caseira foi lançada contra a casa do candidato a prefeito Dirlei Salas Ortega, do PV, na madrugada de ontem, em Araçoiaba da Serra, interior de São Paulo. O artefato explodiu na garagem da residência, causou danos, mas não feriu ninguém.
O candidato, que é ex-prefeito da cidade, não dormia em sua casa porque já havia recebido ameaças dias antes. A Polícia Civil prendeu dois suspeitos do ataque.
Ortega disse que, no último sábado recebeu uma ligação telefônica em que foi ameaçado de morte, caso mantivesse a candidatura. O chamado foi feito de um telefone público de Sorocaba. Por cautela, ele passou a dormir na casa de um filho. Ortega foi acordado por vizinhos quando aconteceu a explosão.
O impacto destruiu uma porta, quebrou um vaso e danificou o piso e as paredes do imóvel. Guardas civis municipais detiveram um suspeito e encontraram em seu celular trechos de uma conversa sobre o atentado.
Na mensagem, o interlocutor pedia cuidado com as câmeras na rua e, depois, fazia comentário sobre o barulho da explosão. Com base no diálogo, outro suspeito foi detido.
Os homens, de 37 e 40 anos, foram indiciados por crime de explosão e levados para o Centro de Detenção Provisória de Sorocaba. A Delegacia Seccional da Polícia Civil em Sorocaba investiga a motivação do atentado. A cidade tem outros cinco candidatos a prefeito.



(*) Com agência

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