MEDIÇÃO DE TERRA

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terça-feira, 27 de setembro de 2016

Cerveró coloca à venda sua cobertura duplex em Ipanema por R$ 9 milhões


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Varanda com piscina exibe o luxo da cobertura de Cerveró
Angélica Diniz
O Tempo
Imortalizada pelo clássico da bossa nova “Carta ao Tom”, a qual faz referência ao morador do prédio 107 (Tom Jobim), a rua Nascimento Silva é agora um dos muitos endereços investigados pela operação Lava Jato. É naquela charmosa rua do bairro de Ipanema que o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró colocou recentemente à venda por R$ 9 milhões, conforme apurou O Tempo, a luxuosa cobertura duplex em que morou com a família entre 2009 e 2014.
DINHEIRO DA PROPINA – Um dos principais delatores do esquema de corrupção na estatal, o ex-dirigente tem até 1º janeiro de 2017 para devolver parte dos mais de R$ 17 milhões aos cofres públicos, conforme se comprometeu no acordo firmado com o Ministério Público Federal (MPF). Sob pena de perder o imóvel e os benefícios da delação premiada, Cerveró deverá devolver o valor de R$ 6 milhões, sendo 80% à Petrobras e 20% à União.
Em uma das duas ações penais a que foi condenado, o MPF concluiu que Cerveró comprou em fevereiro de 2009, com dinheiro de propina, o imóvel por R$ 1,5 milhão, preço cinco vezes menor do que o pedido hoje, usando a empresa Jolmey, criada por ele e pelo advogado uruguaio Oscar Algorta.
REFORMA TOTAL – Logo após a compra do imóvel de 290 metros quadrados, foram gastos mais R$ 700 mil para uma completa reforma, que durou cerca de um ano, segundo moradores do prédio ouvidos pela reportagem. Mais recursos foram usados na decoração, que levou a cobertura a ser exibida na edição de 2012 de uma das mais conceituadas revistas do país no segmento.
Foi nesse cenário de luxo que Cerveró viveu durante cinco anos com sua mulher, Patrícia Anne Cuñat Cerveró, e sua filha, Raquel Cerveró. O outro filho, Bernardo, que gravou o plano de fuga traçado pelo ex-senador Delcídio do Amaral para evitar a delação de Cerveró, aparecia esporadicamente com mulher e filha.
“O Nestor tratava as pessoas com cordialidade, como um diretor de uma empresa prestigiada. Já a mulher, Patricia, nos olhava como se estivéssemos sujos, numa bestice incrível. Ela procurava saber com as pessoas qual era a ascendência delas, se dizia inglesa e, às vezes, acho que se confundia e se tornava francesa”, conta uma moradora.
BRIGAS CONSTANTES – Outros condôminos narraram episódios constantes de brigas entre Patrícia e Raquel. “Ouvíamos muitos gritos, muita confusão”, lembrou um vizinho. Em janeiro deste ano, a mulher de Cerveró foi internada em um hospital de Petrópolis por intoxicação medicamentosa, após briga com a filha. Fontes próximas relevaram uma tentativa de suicídio, o que foi negado pela família.
Cerveró sempre negou ser proprietário do imóvel, dizendo morar de graça em troca de arcar com outros custos, como condomínio, hoje de R$ 4.723. “Todos sabiam que era o dono. Alguns condôminos tinham procuração para representá-lo em assembleias”, disse uma vizinha. Desde junho, ele cumpre prisão domici>liar em sua casa no distrito de Itaipava, em Petrópolis (RJ).
Desde que a família se mudou da cobertura, em 2014, o duplex de Ipanema foi alugado para um executivo da Vale, que ainda permanece no imóvel. A venda está anunciada no site Zapimoveis.
DELAÇÃO PREMIADA – A advogada do ex-dirigente da Petrobras, Alessi Brandão, foi procurada para prestar esclarecimentos sobre o responsável e as condições de venda do duplex em Ipanema, mas não retornou aos diversos contatos da reportagem. Uma corretora de imóveis, responsável pela venda, também se negou a dar informações.
Procurado na última quinta-feira, o Ministério Público Federal de Curitiba, onde funciona a força-tarefa da operação Lava Jato, informou, por meio de sua assessoria, não ter condições de levantar informações pedidas pela reportagem em “curto espaço de tempo, devido ao intenso volume de trabalho”.
Entre as perguntas, o nome do responsável pela venda do apartamento e quanto já foi devolvido até agora por Cerveró aos cofres públicos. O MPF, no entanto, enviou trechos da delação premiada homologada pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (SFT), atestando que a luxuosa cobertura “está em nome da offshore Jolmey do Brasil Administradora de Bens Ltda., de propriedade de Nestor Cerveró, sob seu efetivo controle”, diz o texto.
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