Má notícia para os petistas, boa para o Brasil: segundo pesquisa
interna, o PT não chegará a 10 por cento das prefeituras nas eleições
municipais de outubro. Resume o Estadão em editorial: "não há o que
defender num legado de roubalheira, irresponsabilidade e mentiras".
Touché:
Uma pesquisa interna do PT, obtida pelo Estado,
mostra uma perspectiva desastrosa para o partido nas eleições
municipais de outubro. A avaliação indica que os petistas conseguirão se
reeleger em apenas 7% das prefeituras que a legenda conquistou no Sul e
no Sudeste no pleito de 2012. Já no Nordeste, que se tornou o principal
reduto eleitoral do PT graças a seu populismo rasteiro, há chances de
vitória em somente 8%. É esse horizonte sombrio que norteia a estratégia
petista de jogar todas as suas fichas na histeria do “golpe”,
transformando-a em mote de sua campanha eleitoral, pois foi somente isso
o que restou ao partido, rejeitado em todo o País pelo imenso dissabor
que causou em sua desastrosa passagem pela Presidência. Não há o que
defender num legado de roubalheira, irresponsabilidade e mentiras.
Se tivesse um mínimo de apreço pela democracia e pelas instituições, o
PT já teria reconhecido seus inúmeros erros e oferecido alguma forma de
compromisso com as demais forças políticas para que o País pudesse sair
o mais breve possível da barafunda em que a presidente afastada Dilma
Rousseff o meteu. Mas o espírito autoritário do partido, que se julga
portador da verdade histórica, torna legítimo, aos olhos dos petistas, o
falseamento da realidade e o insulto à inteligência na expectativa de
criar confusão moral e, assim, tentar salvar a todo custo seu projeto de
poder.
Foi esse espírito que presidiu a mais recente resolução da Comissão
Executiva Nacional do PT. Com base nas conversas gravadas do
ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, o partido diz ter ficado
claro que “a deposição da presidente Dilma tem entre seus objetivos o
estancamento das investigações no âmbito da Operação Lava Jato
relacionadas aos partidos que engendraram o golpe”.
Não custa refrescar a memória da tigrada. Em primeiro lugar, o PT
parece ter-se esquecido de suas ferozes críticas ao vazamento de
gravações quando estas comprometiam correligionários. “Eu não respeito
delator”, Dilma chegou a dizer. Mas agora parece que os vazamentos se
tornaram úteis para denunciar o tal “golpe”. Em relação à tentativa de
“estancar” a Lava Jato, também é bom lembrar que, por pressão do comando
petista, Dilma foi obrigada a demitir da Justiça seu fiel escudeiro,
José Eduardo Cardozo, acusado de não “controlar” a Polícia Federal, que
não parava de investigar petistas. Além disso, pululam depoimentos que
indicam que a própria Dilma pode ter agido para tentar livrar
empreiteiros enrolados na Lava Jato e para obstruir a Justiça, sem falar
na tentativa de blindar Lula, seu encalacrado padrinho, nomeando-o para
a Casa Civil.
A resolução petista procura também desqualificar o atual Ministério
pelo fato de ser “composto por inúmeros investigados por corrupção, com
perfil conservador e de baixa qualidade técnica”. A tentativa soa como
piada, quando se têm em mente os ministros que Dilma nomeou ao longo de
seu governo, muitos deles demitidos em sucessivas “faxinas”, e
principalmente às vésperas de seu afastamento, na agonia da compra de
votos contra o impeachment.
Seria ingenuidade esperar coerência de um partido que cresceu com o
discurso da pureza, mas que, uma vez no poder, adotou a corrupção e a
desfaçatez como métodos de governo. O PT imagina estar numa luta pela
sobrevivência, razão pela qual nenhuma estratégia, por mais suja que
pareça, será descartada. Nesse vale-tudo, até o desemprego de 11,2%
registrado no trimestre terminado em abril – quando Dilma estava na
Presidência – foi atribuído pelos petistas ao governo de Temer. “Mas não
era só tirar a Dilma que acabava a crise?”, perguntou, com a maior
caradura, o senador petista Lindbergh Farias em seu Facebook.
Assim, os petistas, a título de salvar o partido, parecem na verdade
empenhados em assegurar-lhe um fim melancólico. Em discurso recente, a
propósito das dificuldades eleitorais do PT, o presidente da legenda,
Rui Falcão, disse: “Acabou a era da militância paga. Nós teremos que
fazer uma campanha com muitos voluntários e voluntárias e, para isso, é
fundamental que a gente tenha ideias a oferecer”. Pelo jeito, a única
“ideia” que o PT tem hoje para oferecer é a de que, para o partido, só a
derrota é imoral.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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