Carlos Chagas
Registra-se algum ceticismo
entre os poucos privilegiados que assistiram as gravações feitas sábado
pela presidente Dilma, para o programa de propaganda política gratuita
do PT, a ser divulgado dia 6 de agosto em cadeia nacional de rádio e
televisão. Há quem suponha um aumento de decibéis no inevitável panelaço
previsto para aquela noite. Raramente o sol se levanta, no dia seguinte
aos pronunciamentos de Madame, sem que tenha aumentado o número de
desiludidos e até de indignados, dispostos a rejeitá-la.
As considerações otimistas
são necessárias para qualquer governante em crise, junto com o
reconhecimento de dificuldades óbvias. É preciso, no entanto, saber
dosar a realidade com a fantasia. Parece que dessa vez haverá frustração
entre os telespectadores, se a presidente não se dispuser a
regravações. Tempo existe para que câmeras e microfones voltem ao
palácio da Alvorada.
Corre a versão de que
dirigentes do PT, com o Lula à frente, examinarão as cópias da fala
presidencial. Claro que não como examinadores implacáveis, mas, ao
menos, como colaboradores dispostos a contribuir para que o programa dos
companheiros sirva de refrigério na crise, jamais para acirrá-la.
A GERENTONA PERFEITA
A personalidade de Dilma
não comporta restrições. Ela se julga sempre certa e tem como rotina
sustentar suas aparições públicas como irretocáveis. Fica até agastada
quando recebe reparos, mesmo do primeiro companheiro. Ainda assim,
haverá que esperar o desdobramento do episódio. O marqueteiro João
Santana assistiu as gravações e teceu elogios à performance da chefe,
mas não poderia ser diferente, sendo seu inspirador.
A pergunta que se faz é se
alguma coisa vai mudar, mesmo se por hipótese duvidosa o pronunciamento
presidencial for considerado bom ou ótimo pelo PT. Porque uma coisa é o
Brasil televisivo, outra, o Brasil real. O que se espera do governo são
iniciativas concretas para diminuir o desemprego. Se possível, combatida
a corrupção. Como se torna impossível evitá-la, que tal ao menos
organizá-la? Claro que sem aceitarmos o malicioso conselho do saudoso
ministro Mario Henrique Simonsen, quando propôs fossem incluídas no
orçamento as escandalosas e inevitáveis comissões extraídas das obras
públicas, mas que essas não se realizassem. Muito dinheiro seria
poupado…
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