MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Além do ajuste



Não há como negar a piora da situação macroeconômica do Brasil, e o governo continua “enxugando gelo” sem realmente apresentar algo que vá além dessa realidade dramática que compromete o nosso futuro.
Este momento delicado se deve a política econômica descosturada, aleatória, voluntarista e pouco transparente que o Governo Federal impôs à sociedade.
Há muito tempo alertamos para o risco que seria uma política econômica ao fragilizasse os fundamentos básicos que garantiram a estabilidade alcançada à duras penas pela nação nas últimas décadas.
O Ajuste Fiscal é uma tentativa de equilibrar as contas do Estado brasileiro, chegamos a isto porque nos últimos quatro anos, o Governo Federal se descontrolou e deu subsídios e benefícios não sustentáveis, gerou um custoso artificialismo.
Tal medida não fará milagre. Pelo contrário. Se não ficarmos atentos, o arrocho na economia será tão grande que acabará aprofundando os problemas e retardando a volta do crescimento, “o remédio pode matar o doente”.
Sintoma disto é a previsão feita por economistas apontando que a estimativa de inflação para este ano, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), passou de 8,31% para 8,37%. Já a expectativa para o PIB passou de um recuo de 1,2% para uma queda de 1,24%.
Esse quadro gera desconfiança, criando um ambiente impróprio para investimentos, que devem fechar o ano no negativo. Sem investimentos, sem melhorias. Avançamos muito pouco na infraestrutura, não promovemos a reforma do sistema tributário, a redução dos gastos públicos ficou só na retórica e não fomos capazes de aumentar a produtividade e a competitividade. Os desafios se acumulam, e o governo deveria desatar os próprios nós que deu na economia é incapaz de tomar iniciativas consistentes.
Para o País voltar a deslanchar, vamos precisar de uma visão estratégica, de planejamento das ações macroeconômicas combinando com uma agenda microeconômica voltada ao incentivo da produtividade da indústria; unificação do PIS e do Cofins; política de renovação de máquinas e equipamentos, simplificação das operações de exportação, estímulo ao setor de reciclagem e desregulamentação trabalhista.
As mudanças poderiam começar pela alteração da legislação do ICMS, com sua unificação para acabar com a chamada guerra fiscal entre os estados.
Na área social o desafio que se impõe é a implementação de programas sociais verdadeiramente emancipadores, aqueles que indicam uma porta de saída para demarcar com o fim da dependência da ajuda financeira concedida sem nenhuma contrapartida, o paternalismo.
O perfil da vida de população está mudando, as pessoas estão vivendo mais tempo e isso significa uma alteração na pirâmide social. Não podemos ficar esperando o que ocorreu com os países europeus, que já não dão conta de pagar os trabalhadores aposentados os compromissos previdenciários assumidos no passado.  E precisamos de uma profunda reforma neste setor.
Não podemos retroagir no que diz respeito a chamada economia de baixo carbono, ao contrário, temos que avançar na sustentabilidade equilibrando avanço tecnológico, preservação e novos processos produtivos, a economia verde pode dinamizar a atividade econômica.
A manutenção da estabilidade precisa ser a pedra de toque para a garantia do desenvolvimento econômico e social. O governo tem de agir para criar um ambiente de confiança necessária para os investimentos e não desperdiçar as vantagens comparativas conquistadas como, por exemplo, com o etanol e as demais energias renováveis.
Isso exige que a presidente e o seu governo tenham uma proposta para o país. Mas confesso, tenho dúvidas! Serão capazes de ir além de ajuste?
16/07/2015
Arnaldo Jardim é deputado federal licenciado (PPS-SP) e secretario de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo

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