Élcio Paraíso / Divulgação
Para o enólogo Nelton Fagundes, a identificação do tipo de queijo é o primeiro passo
A harmonização entre queijos e vinhos é tão antiga quanto necessária
na enogastronomia. A região francesa de Provence foi a responsável pelos
primeiros registros de combinação entre os dois produtos, ainda na
Idade Média. Os queijos e vinhos eram servidos como entrada em jantares
ou em reuniões entre amigos.
Os dois produtos apresentam diferenças em vários pontos, mas têm
similaridades que devem ser consideradas, como a influência do clima,
solo e local onde são produzidos e as particularidades de seus sabores.
O sommelier da Enoteca Decanter Nelton Fagundes explica que é preciso
conhecer a bebida e o alimento para evitar uma combinação desastrosa.
“Os produtos podem apresentar texturas fortes e conflituosas, sendo
necessário alinhá-los muito bem para que garantir uma degustação
agradável”, alerta.
Tipos de queijo
Assim como os vinhos, os queijos têm tipos diferentes, que devem ser
avaliados ao se montar uma tábua de frios, por exemplo. A identificação
correta é o primeiro passo para que a harmonização resulte em uma boa
experiência enogastronômica. “Podemos classificar o alimento nos grupos
fresco e fresco curado (ricota, requeijão, cottage, muçarela de búfala),
branco mole (brie, camembert e coulommiers), semimole (emmental, gouda,
saint-paulin), duro (parmesão, pecorino, grana padano), azul
(gorgonzola, roquefort, stilton) e temperado”, observa o sommelier.
Para os iniciantes, Fagundes orienta que é preciso ter cuidado com
queijos fortes e que podem matar o sabor do vinho. Ele alerta que,
quanto mais rígida for a textura do queijo, mais tânico deve ser o vinho
harmonizado. Em contrapartida, os queijos mais cremosos pedem rótulos
com alta acidez.
“As pessoas se assustam quando veem a quantidade de queijos
disponíveis no mercado. O segredo para a combinação do alimento com
vinhos é alinhá-los no sabor, para que complementem e não se sobressaiam
durante a mistura”, esclarece.
O queijo minas, um dos maiores representantes alimentícios mineiros,
pode ser classificado como fresco ou de pasta mole, combinando com
vinhos brancos e suaves ou tintos leves, como Chardonnay Matiz – Cave
Hermann ou o Pinot Noir Saurus (Argentina).
Os queijos azuis, de sabor forte como o gorgonzola, pedem vinhos
tintos ou brancos aromáticos. Os queijos com a textura mais dura, como
parmesão e grana padano, devem ser combinados com tintos de uva Cabernet
Sauvignon.
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