Ou: Chegou a hora de comer os ricos para salvar a “mãe dos pobres”?
Ai,
ai, ai… O governo Dilma tenta o que, de um modo ou de outro, sempre se
tenta no Brasil, sem sucesso, quando um presidente está em dificuldades:
a chamada “Política dos Governadores”. A ideia é tão aparentemente boa
como absolutamente inócua: reunir os chefes dos Executivos estaduais
para que influenciem, então, a bancada dos deputados federais de seus
respectivos Estados.
Nesta
quarta, Dilma se reuniu por três horas com os nove governadores do
Nordeste. Quer que eles pressionem os parlamentares de seus respectivos
Estados a apoiar o ajuste fiscal. Ao fim do encontro, divulgou-se uma
carta com a assinatura de todos eles — sete da base governista e dois do
PSB. Lá está escrito: “Não podemos concordar que o legítimo exercício
do direito de oposição e de livre manifestação seja confundido com teses
sem qualquer amparo na Constituição”. Eles estão se referindo ao
impeachment, é evidente. E isso só significa que ou os governadores do
Nordeste não leram a Constituição ou, tendo lido, não entenderam o que
lá está escrito.
O
impeachment está previsto nos Artigos 85 e 86 da Constituição, e existe a
lei que trata do assunto, que é a 1.079. Os doutores que assinaram o
manifesto fariam um favor à inteligência nacional se dissessem a quais
“teses sem amparo na Constituição” eles se referem. Uma coisa é haver
divergência sobre a existência ou não de elementos que justifiquem uma
denúncia com vistas ao impeachment. Há argumentos tecnicamente
respeitáveis de ambos os lados. Conheço pessoas igualmente decentes com
pontos de vista absolutamente distintos, independentemente do juízo que
fazem do governo Dilma. Mas é um absurdo inferir que o simples debate
sobre o impeachment se confunda com alguma forma de golpe. Isso é
picaretagem política, jurídica e intelectual.
De resto,
senhores, que história é essa de que “a livre manifestação” pode se
“confundir com teses sem amparo na Constituição”? Estão falando
exatamente do quê? Das invasões de terra e de laboratório de pesquisa
patrocinadas pelo MST? Das violências constantemente promovidas por
ditos movimentos de sem-teto? Parece-me certo que os governadores do
Nordeste não estão se referindo aos que foram às ruas no dia 15. Houve
protestos nas nove capitais nordestinas e em várias outras cidades da
região. Que se saiba, não houve um só incidente, o que evidencia, então,
que as pessoas sabem muito bem exercitar o seu direito à livre
manifestação, inclusive ou especialmente quando pedem o impeachment,
porque isso está “amparado na Constituição”.
Ah, sim:
em entrevista depois da reunião, o governador da Bahia, Rui Costa (PT),
defendeu a criação de um imposto sobre grandes fortunas. O ministro
Aloizio Mercadante (Casa Civil) deu a entender que o governo tem
simpatia pela ideia. É… Quando nada mais funciona, por que não propor
que se comam os ricos, né?, para salvar a mãe dos pobres? Só temo um
pouco pelo que venha a ser considerado “grande fortuna” num país em que
um trabalhador que ganha a partir de R$ 4.664,68 (US$ 1.448) é obrigado a
recolher 27,5% de Imposto de… Renda!!!
Essa gente, definitivamente, perdeu a noção do ridículo.
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