MEDIÇÃO DE TERRA

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quinta-feira, 12 de março de 2015

‘FT’: Petrobras expõe as fragilidades do Brasil


Financial Times cita que Dilma só poderia sofrer impeachment por atos cometidos em seu atual mandato

“Passando por seus dois primeiros meses de seu segundo mandato, a presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, se vê diante de quatro difíceis anos até o fim de seu mandato em 2018. Isso se ela for tão longe”. É o que diz um artigo publicado nesta quinta-feira (12/03) pelo jornal britânico Financial Times.
“Não apenas se a líder de centro-esquerda debilitada por um gigantesco escândalo de corrupção na empresa estatal Petrobras, para a qual membros dirigentes de sua coalizão governante estão sendo investigados, ela está enfrentando uma classe média alta cada vez mais irritada nas maiores cidades do Brasil”, escreve o jornalista Joe Leahy.
Ele relembra o último domingo (08/03): “Enquanto Dilma fazia um discurso transmitido em rede nacional para toda a nação — uma de suas primeiras aparições durante seu segundo mandato — as pessoas mostravam sua raiva nas cidades nos ricos sudeste e sul brasileiro batendo panelas em seus apartamentos e disparando alarmes de carros e casas”.
“Este domingo (15/03), espera-se que milhares de brasileiros desçam às ruas em todo o país para marcar sua insatisfação com a presidente. Alguns estão clamando pelo impeachment daquela que um dia foi uma guerrilheira marxista que levou a economia do Brasil de um boom para a estagnação.
Os brasileiros têm o direito de ficarem irritados. Até mesmo para um país habituado à corrupção e aos escândalos, as recentes acusações que envolvem roubo na Petrobras têm sido impressionantes. A empresa, que já foi o símbolo do poder tecnológico do Brasil, virou um sinônimo de corrupção e incompetência”, escreve Leahy.
Ex-diretores da Petrobras que se tornaram testemunhas alegam que eles colaboraram com políticos para o pagamento de propinas das empreiteiras que prestavam serviço à empresa. O dinheiro teria sido lavado em contas de bancos na Suíça e usados para enriquecimento pessoal e para financiar campanhas de partidos políticos.
Apesar de não  haver acusações de que ela estava diretamente envolvida, Dilma Rousseff comandou a Petrobras entre 2003 e 2010 quando se alega que grande parte da corrupção ocorreu, suscitando acusações dos críticos de que ela foi uma gerente negligente ou incompetente, ou ambos. Ela tem negado qualquer malfeito.
Além do escândalo, muitos brasileiros também estão indignados com a condução da economia que já foi renascente. Durante seu primeiro mandato, seu governo segurou preços de gasolina e energia e embarcou em um longo programa de estímulo fiscal junto com grandes empréstimos de bancos estatais. Isso levou à inflação mas pouco fez para encorajar o investimento do setor privado.
Apesar de dispensar a necessidade de austeridade durante a campanha presidencial em outubro do ano passado, ela está agora implantando medidas duras para reequilibrar as finanças públicas e levar a um superávit. Em seu discurso de domingo, ela fez apelo para que todos “façam sua parte” para dar apoio ao programa de austeridade — decepcionando a classe média indignada com o suposto roubo político da Petrobras.
Apesar de toda a desilusão dos eleitores brasileiros, há um resultado positivo no escândalo. Ele provou a crescente independência das instituições do Brasil, particularmente a Polícia Federal, a Procuradoria-Geral e as Cortes, que um dia poderiam ter coberto o escândalo.
A favor de Dilma, pode-se dizer que ela nunca tentou publicamente impedir as investigações. Mas talvez ela não teria sido capaz, mesmo se quisesse.
Brasileiros, que costumam ser conservadores politicamente, estariam divididos sobre a possibilidade de depor Dilma Rousseff de seu cargo porque isso poderia levar à instabilidade.
Se ela fosse forçada a deixar a presidência e seu vice-presidente, Michel Temer, fosse impossibilitado de tomar seu lugar — seu partido também está envolvido no escândalo — os próximos na linha para ser presidente até que novas eleições pudessem ocorrer seriam os presidentes das casas do Congresso, Renan Calheiros e Eduardo Cunha. Entretanto, esses dois homens também são acusados de estarem envolvidos no escândalo da Petrobras. No caso de ninguém do Congresso poder se tornar o presidente em exercício, o cargo passaria para o presidente da Suprema Corte.
“O Brasil deverá, porém, ser poupado desse tipo de confusão. Um presidente que está exercendo seu mandato só pode sofrer impeachment por atos cometidos durante seu mandato atual, dizem advogados. Como Dilma Rousseff só governou nestes primeiros dois meses deste mandato, é improvável que ela já tenha tido tempo de se envolver em qualquer crime que mereça o impeachment”, conclui o artigo do Financial Times

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