MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 24 de julho de 2014

O descaso de Haddad com a própria imagem evidencia falta de diálogo com o paulistano


Mesmo com a avaliação de sua gestão cada vez mais abalada, prefeito resolve tirar uma semana de folga menos de um ano após suas últimas férias.

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Após identificar benefícios da prefeitura da capital paulista, comandada por Fernando Haddad (PT), ao Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) no financiamento de moradias populares, o Ministério Público do Estado de São Paulo elaborou um documento no qual recomenda que o governo federal não assine novos contratos do programa Minha Casa, Minha Vida com a administração.
A representação, assinada pelo promotor Mauricio Antonio Ribeiro Lopes, foi anexada a um inquérito que investiga o financiamento habitacional na capital paulista. No texto, o promotor afirma que falta transparência da prefeitura na divulgação do cadastro de inscritos nos programas habitacionais. Em síntese, o MP afirma que a prefeitura mantém o cadastro secreto para beneficiar movimentos que promovem invasões de imóveis públicos e privados – leia-se, o MTST.
No documento, o promotor afirma que o poder público não tem força para coibir a indústria de ocupações. Em função disso, e para evitar os frequentes bloqueios que travam a capital paulista, o prefeito já fez até mesmo promessas para regularizar áreas invadidas caso o Plano Diretor fosse aprovado – algo que de fato ocorreu.
Diante dessa falta de controle administrativo, a população tem reagido nas pesquisas sobre o governo. Na última divulgação do Instituto Datafolha, a gestão de Haddad bateu o próprio recorde de avaliação negativa, com 47% de rejeição entre as 1.047 pessoas entrevistadas, ante 36% do mês de junho.
Entre os muitos motivos que levaram à insatisfação do eleitorado, é possível citar várias medidas prejudiciais à população de baixa renda, como o corte de merenda e professores de clubes-escola, o aumento das filas por vagas em creches e a redução da quantidade de material escolar distribuído na rede municipal.
A insistência de Haddad em manter-se próximo a pessoas envolvidas em escândalos também não ajuda. Ele nomeou um vereador condenado por improbidade, uma ex-secretária processada também por improbidade e a ex-ministra que foi demitida após farra com cartão corporativo. Além disso, o prefeito deixou de cumprir várias promessas feitas durante a campanha; entre elas, o “Arco do Futuro”, que era um das principais.
No entanto, mesmo após o recorde negativo, Haddad resolveu pedir afastamento para tirar férias e descansar, algo que já fez há menos de um ano, com apenas dez meses de mandato, a fim de ir à Itália comemorar seus 25 anos de casamento. À época, justificou-se afirmando que a ideia era estar presente em janeiro, quando seria mais necessário em função do período de chuvas – que não ocorreu.
De fato, não havia como prever que o mês historicamente mais chuvoso na capital paulista enfrentaria uma seca ímpar. Mas o bom senso entenderia que uma nova folga do prefeito só faria sentido após ao menos a conclusão das eleições em curso. Nem os próprios aliados compreendem bem a tática adotada pelo prefeito quando pouco ou nada faz em defesa da própria imagem. Em recente entrevista, no entanto, reclamou de perseguição da mídia, colocando-se na posição de injustiçado. Ignora Haddad que o principal responsável pelo opinião que os eleitores têm dele é o seu próprio trabalho. Todavia, nada mais natural para um partido que sempre enxergou na imprensa uma inimiga a ser domada passar a ter problemas de comunicação com a população que usufrui de seus projetos. Uma postura mais aberta ao diálogo teria engajado o paulistano naquilo que a prefeitura ainda faz de bom. É o que os opositores do PT fazem com certa maestria há pelo menos duas décadas. É o que o partido não compreende ou até mesmo aceita. Mais admiração para com a liberdade de expressão só levaria benefícios ao que pretende colocar em prática a esquerda no Brasil. Mas talvez Caetano Veloso esteja certo quando diz que o esquerdista vê nela uma espécie de “capricho burguês” de menor importância. O que sobra dessa atitude é muita reclamação e prejuízo nas urnas. A reclamação já começou. Mas, no caso de Haddad, as urnas só responderão em 2016.

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