Fernando Xavier, de 59 anos, depende de ventilação mecânica para viver.
Paciente diz ter adotado os 38 profissionais de saúde que o acompanham.
Biomédica transcreve as poesias de Fernando Xavier (Foto: Eliete Marques/G1)
O ambiente frio e triste da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um
hospital de Ariquemes (RO) é animado pelo sorriso do paciente Fernando
Garcia Xavier, de 59 anos, que há quatro vive na unidade. Ele sofre de
esclerose lateral amiotrófica (ELA), e depende de ventilação mecânica
para sobreviver. "Adoro viver. Sou plenamente feliz aqui. Deus me
escolheu para viver esta vida maravilhosa”, afirma o paciente. A equipe
médica afirma que Fernando é exemplo de superação e otimismo.Sem demonstrar abatimento, Fernando conta que quando procurou ajuda médica, já tinha mais de 40% dos movimentos comprometidos pela doença. Com isso, começou o processo de exames e de internação. No dia 2 de novembro de 2009, Fernando deu entrada na UTI, e continua na unidade desde então. No inicio do mês, uma festa comemorou os 59 anos de idade de Fernando e seus quatros anos de internação na unidade. Com direito a bolo, balões e refrigerantes, Fernando festejou a data junto aos filhos e a equipe da UTI.
Só pelo fato de existir, eu já sou feliz"
Fernando Xavier
Fernando lembra que chegou a Ariquemes em 1976; foi casado durante 25 anos e é pai de cinco filhos. Segundo ele, a família aumentou bastante desde que 'adotou' os 38 funcionários da UTI onde vive. Uma dessas filhas adotivas é a biomédica Fernanda Souza, uma das profissionais que transcreve as poesias ditadas pelo paciente. A profissional de saúde expõe que o paciente sempre fala de Deus, amor e otimismo nas poesias e que é um exemplo de vida.
“Apesar da gente não ter nenhum laço de sangue, eu considero ele como pai e ele me trata como filha, como um pai verdadeiro, que na verdade nem conheci. Ele é vitorioso, porque mesmo deitado nesta cama, sempre está com um sorriso no rosto”, destaca.
Paciente diz ter adotado toda a equipe médica da
UTI onde vive há 4 anos (Foto: Eliete Marques/G1)
Sem curaUTI onde vive há 4 anos (Foto: Eliete Marques/G1)
O médico intensivista da UTI, Adalberto Coelho, explica que a esclerose lateral amiotrófica é uma doença neurodegenerativa e progressiva, onde as células do cérebro são afetadas e causa a perda motora. A doença não tem cura, mas apesar da paralisação do corpo, o paciente preserva a capacidade cognitiva.
“A parte sensitiva e intelectual do seu Fernando continua preservada, mas a parte motora vai perdendo a força progressivamente, até chegar à parte respiratória, fazendo com que ele fique dependente de um aparelho para respirar”, esclarece.
O médico explica que mesmo que o paciente tivesse condições de adquirir o equipamento de ventilação, ainda dependeria de uma equipe multidisciplinar para sobreviver. A internação dele é custeada pelo Sistema Único Saúde (SUS).
“O seu Fernando sabe da grande paixão que tenho por ele. Ele tem uma história linda de superação, mesmo antes da doença, seu Fernando teve seus problemas pessoais e superou. A doença não deixou ele parar de crescer espiritualmente. Ele é uma pessoa muito religiosa, confiante e feliz; uma pessoa extraordinária, que a gente admira muito”, conclui o médico.
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