MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Apenas 12% das pequenas empresas do RS são controladas por negros


Empresários afrodescendentes do estado representam 2% do total no país.
Pesquisas mostram que há desigualdade no mundo do empreendedorismo.

Daniel Bittencourt Do G1 RS

Patrícia, ao lado de seu marido. Empresária faz parte dos 12% de empreendedores negros do RS (Foto: Bianka Benevides/Divulgação) Empresária faz parte dos 12% de empreendedores negros do RS (Foto: Bianka Benevides/Divulgação)
Na semana em que se comemora o Dia da Consciência Negra, um levantamento recente aponta que ainda é necessário percorrer um bom caminho para reduzir a desigualdade racial no Rio Grande do Sul quando o assunto é empreendedorismo. Apenas 12,6% das micro e pequenas empresas gaúchas são comandadas por pessoas autodeclaradas negras ou pardas, quando essa fatia representa 16,2% do total da população do estado.
O levantamento foi feito pelo Sebrae com base nas informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2011, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e divulgado em setembro. Já a porcentagem de autodeclarados negros ou pardos consta em um um estudo inédito feito pelo IBGE em conjunto com a Secretaria de Políticas de Promoção e Igualdade Racial, apresentado no início do mês.
Entre 2001 a 2011, o número total de donos de negócio no Brasil cresceu 13%. No mesmo período, a quantidade de donos de empresas que se declaravam negros ou pardos cresceu 29% no país, elevando a participação dos afrodescendentes de 43% para 49% no segmento que inclui empresas que faturam até R$ 3,6 milhões por ano.
No Rio Grande do Sul, não há dados sobre a variação no período. Mas a pesquisa apurou que, dos cerca de 1,5 milhão de empreendedores do estado, 179.610 se declaram pretos ou pardos. Em âmbito nacional, o número de empresários afrodescendentes locados no estado representa 2% de todos os empresários negros e pardos do país. Na Bahia, estado com o maior número, a porcentagem é de 12%.
Os empreendedores afrodescendentes apresentaram também um aumento de escolaridade. Apesar de ainda possuírem menos tempo de estudo do que os autodeclarados brancos, o nível escolar dos negros e pardos cresceu 41% nos 10 anos analisados. Entre a totalidade dos empreendedores afrodescendentes – 71% formados pelo público masculino –, a escolaridade passou de 4,4 anos de estudo para 6,2 anos na última década.
Empresa de Patrícia atua na área de confecção de roupas de cama para hotéis epousadas. RS é um dos estados que menos possui empreendedores negros no país (Foto: Bianka Benevides/Divulgação)Empresa de Patrícia atua na área de confecção
de roupas de cama para hotéis epousadas
(Foto: Bianka Benevides/Divulgação)
Após fracasso, empresária de Rio
Grande buscou qualificação

A empresária Patrícia Benevides, 40 anos, é um exemplo de empreendedora que buscou nos estudos as ferramentas necessárias para superar as dificuldades interentes do mundo dos negócios e também o preconceito racial. A trajetória dela no empreendedorismo começou com a falência de uma empresa de confecção. O erro administrativo desmanchou seu sonho, mas ao mesmo tempo a estimulou a buscar qualificação profissional.
“Eu precisava entender aonde havia errado e então resolvi cursar administração. Me formei e comecei uma pós-graduação em gestão de pessoas. Neste meio tempo, eu corri atrás de trabalhos e passei por empregos não tão bons, mas eu tinha dívidas para pagar e precisava fazer isso”, conta ela.
Sete anos depois do fechamento da primeira empresa, ela percebeu que estava madura o suficiente para um novo desafio e decidiu abrir uma nova empresa no segmento de confecção de roupas de cama. Batizado de Empório do Fio, o negócio nasceu em janeiro de 2012 e desde então tem apresentado crescimento constante, sempre no azul.
“Penso que a se pessoa estiver preparada profissionalmente, a cor da sua pele não faz diferença alguma. O preconceito é algo que já nasce com a pessoa. E ser ou não ser preconceituoso vai depender muito de como ela se coloca. Eu sofri preconceitos velados na minha vida e nunca desisti. Pelo contrário, eu usava isso como uma mola propulsora para a minha vida pessoal e profissional”, destaca Patrícia.

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