Quebra na safra, em 2012, foi de 90% nos estados nordestinos.
Situação afeta os pequenos criadores da região.
Na fazenda do produtor Sigfried Epp, em Luiz Eduardo Magalhães, no oeste da Bahia, o clima não ajudou e a safra será menor este ano. “Nós temos, no mínimo, uma quebra de 30% esse ano, em questão da estiagem que tivemos, e ainda está tendo”, diz.
O oeste da Bahia é uma importante região produtora de grãos. No ano passado, a safra foi boa e rendeu 2 milhões de toneladas, sendo 40% foi para outros estados do Nordeste, que sofreram com a seca.
Somando a produção de milho do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco, a quebra na safra, em 2012, foi de 90% Em 2013, estes estados vão depender mais do milho do Centro-Oeste para abastecer os criadores. Aí entra um problema, o do transporte. Com a super safra de grãos em andamento, é difícil encontrar quem queira levar grãos até o Nordeste.
“Para o produtor, é mais barato levar para o porto que levar para o Nordeste, porque, nos portos, há uma combinação do contrafluxo de cargas de fertilizantes, o que ameniza um pouco os custos tanto dos fertilizantes para chegar até a região produtora quanto do produto destinado à exportação, soja ou milho, que vai prevendo cargas de retorno”, afirma Dirceu Capeleto, diretor de transportadora.
Tudo isso acaba afetando os pequenos criadores do Nordeste. O milho, quando há, é caro e muitas vezes nem consegue chegar a muitos estados da região. É o caso da Paraíba. Após quase um mês de espera, chegou a Patos, no sertão paraibano, uma carrada de 37 toneladas de milho, vinda do Mato Grosso, mas todo esse milho, que é vendido por preço subsidiado pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), só atendeu pouco mais de 20 criadores, deixando muitos produtores de fora.
Mesmo quem conseguiu comprar, reclama, já que o milho vendido aqui é limitado. São 1.500 quilos para cada produtor, uma quantidade ainda insuficiente para manter os animais que sobrevivem ao longo período de estiagem.
De acordo com a direção da Conab, há uma grande quantidade de milho para ser removida para a Paraíba, mas há a dependência do frete, já que quase toda a frota de caminhões do país está voltada para o escoamento da produção de soja.
Em outros estados do Nordeste, também está faltando milho. É o caso do Ceará. O produtor rural Demétrio Almado Barroso percorreu quase 100 quilômetros, de Canindé ao escritório da Conab na região metropolitana de Fortaleza. Veio em busca de milho, mas a resposta foi negativa.
Um armazém da Conab demonstra bem a gravidade da situação. Fica em Maracanaú, na região metropolitana de Fortaleza, e atende 34 municípios. Seriam necessárias 5.500 toneladas de milho por mês para atender aos produtores cadastrados, mas, nos dois primeiros meses do ano, o armazém só recebeu, no total, pouco mais de 10% dessa quantidade.
Em Brasília, o diretor de operações e abastecimento da Conab, Marcelo Araújo, reconhece que as remessas de milho não são suficientes. “Nós recebemos das nossas superintendências regionais a demanda para 2013, e realmente é uma demanda alta, baseada justamente na emergência da seca, mas nós sabemos que é impossível atender dentro daquele quantitativo.
Nas 300 mil toneladas que estamos autorizados a comprar, 50 mil mensais, vamos dar um reforço naquilo que já estamos transportando”, diz.
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