A
psicóloga Aline Graffiette, CEO da Mental One, fala sobre os impactos
do luto súbito e a importância de apoio psicológico na reconstrução
emocional
Perder
alguém nunca é fácil. Mas quando a morte acontece de forma repentina —
como em um acidente ou por suicídio — o impacto costuma ser ainda mais
profundo e desestruturante. O choque inicial dá lugar a um buraco
emocional difícil de nomear e, muitas vezes, ainda mais difícil de
aceitar. Para a psicóloga Aline Graffiette, CEO da Mental One, o luto
inesperado exige tempo, cuidado e, principalmente, acolhimento.
“O
primeiro movimento de quem perde alguém repentinamente costuma ser a
negação. É comum a pessoa achar que aquilo é mentira, que não aconteceu.
O cérebro se recusa a assimilar o fato de imediato”, explica Aline.
Segundo
a especialista, o processo de enfrentamento emocional acontece em
diferentes etapas — nem sempre lineares — e passa pela reconstrução das
crenças que essa pessoa tem sobre a vida e a morte. “Não é sobre
religião, mas sobre espiritualidade, sobre os significados que ela
atribui ao morrer e ao continuar vivendo. Esses significados vão
determinar se, e como a pessoa vai conseguir seguir”, completa.
A
psicóloga também destaca a importância do vínculo terapêutico nesse
tipo de luto. “Já acompanhei mães que perderam filhos de forma trágica.
Muitas delas, por meses, vinham às sessões apenas para chorar. E tudo
bem. O choro é uma forma de elaborar a dor. É preciso criar um espaço
seguro, de silêncio, escuta e respeito.”
De
acordo com Aline, o processo de reconstrução emocional é lento e exige
do psicólogo um trabalho profundo de ressignificação. “Se não
reestruturarmos as crenças dessa pessoa e não a trouxermos, aos poucos,
para o enfrentamento real, ela pode permanecer presa ao trauma e não
conseguir sair desse ‘buraco’ emocional.”
O
luto, sobretudo o inesperado, precisa ser visto como uma vivência
legítima — e não como algo a ser apressado. “Cada pessoa tem seu tempo, e
o papel do profissional é caminhar ao lado, não acelerar o passo”,
finaliza Aline.
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