— Dia Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho (27/07):
O
Brasil ultrapassa meio milhão de acidentes de trabalho por ano, mesmo
com normas de segurança bem definidas. Com números que seguem crescendo,
o perito judicial Edgar Bull alerta para o problema estrutural: a
prevenção segue sendo ignorada na prática, e a ausência de perícia
técnica preventiva alimenta um ciclo de afastamentos, indenizações e
processos. A pauta propõe discutir, com base em dados atualizados e
experiência técnica, por que ainda falhamos no básico e como a mudança
de postura das empresas poderia reverter esse cenário.
Dia
Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho: Por que o Brasil
continua liderando acidentes de trabalho e o que ainda precisa ser feito

No
dia 27 de julho, data dedicada à prevenção de acidentes laborais,
especialistas alertam: a maior parte dos acidentes poderia ser evitada
com gestão de riscos eficiente e atuação técnica preventiva. O perito
judicial Edgar Bull explica por que ainda falhamos no básico.
No próximo dia 27 de julho, o Brasil volta a discutir um tema que raramente ganha a atenção que merece: a prevenção de acidentes de trabalho.
A data, instituída para reforçar a importância da segurança no ambiente
laboral, carrega um paradoxo difícil de ignorar, o país segue liderando
índices de acidentes graves, afastamentos e mortes no trabalho, mesmo
com leis rigorosas e normas técnicas em vigor há décadas.
Segundo
dados recentes do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, o
Brasil registra mais de 500 mil acidentes de trabalho por ano. A cada
quatro minutos, um trabalhador sofre um acidente em território nacional.
Para Edgar Bull, professor, especialista em higiene ocupacional,
engenheiro civil, bacharel em Direito, especialista em Segurança do
Trabalho e perito assistente técnico, o problema não é a ausência de
normas, mas a falta de aplicação prática.
“Não
se morre ou se adoece no Brasil por falta de regra. O que mata e
incapacita é a falta de prevenção, a cultura de improviso e o desprezo
pelos riscos que são conhecidos há muito tempo”, afirma Edgar.
Por que continuamos falhando?
Entre
2012 e 2023, mais de 25 mil trabalhadores perderam a vida em acidentes
de trabalho no Brasil. Embora existam avanços pontuais em determinados
setores, os números seguem elevados principalmente por três fatores
críticos:
- Ambientes inseguros ainda são normalizados, especialmente em pequenas empresas e setores informais;
- Laudos técnicos e programas de prevenção são tratados como simples burocracia e não como ferramentas reais de segurança;
- Falta de fiscalização efetiva, agravada por carências estruturais dos órgãos competentes.

Edgar
Bull explica que uma das principais causas da manutenção de ambientes
inseguros é o desconhecimento das empresas sobre a real condição dos
seus postos de trabalho, um desconhecimento que poderia ser resolvido
com avaliações técnicas especializadas.
A importância da perícia técnica antes do acidente acontecer
O
perito defende que o Brasil precisa de uma mudança de mentalidade: sair
da cultura da reação e adotar a lógica da perícia preventiva.
“Empresas
no país ainda enxergam a perícia como um recurso judicial, um movimento
defensivo quando já estão processadas. O que elas não percebem é que a
perícia técnica deveria ser um instrumento de gestão contínua, para
mapear riscos e evitar acidentes antes que eles aconteçam”, explica
Edgar.
Laudos
bem executados, inspeções técnicas periódicas e atualizações constantes
dos Programas de Gerenciamento de Riscos (PGR) e do Programa de
Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) são os caminhos mais
simples e eficazes para reduzir afastamentos e acidentes.
Os acidentes mudaram, os riscos invisíveis agora dominam as estatísticas
Embora
as quedas, choques e acidentes físicos ainda sejam comuns, o cenário
atual mostra o crescimento silencioso de um outro tipo de risco: doenças
ocupacionais e transtornos relacionados ao trabalho.
O
aumento exponencial de casos de síndrome de Burnout, distúrbios
osteomusculares, problemas respiratórios por exposição química e
transtornos mentais ligados ao ambiente laboral mostra que prevenir vai
muito além de evitar quedas e fraturas.
“Hoje,
o principal risco de afastamento em muitas empresas é invisível. E o
maior problema é que ambientes tóxicos, pressões abusivas e ergonomia
negligenciada continuam sem fiscalização adequada, gerando adoecimento
silencioso e passivos milionários”, alerta Edgar Bull.
Empresas pagam caro pela omissão e o problema não é só financeiro
Empresas
que negligenciam a prevenção de acidentes arcam com consequências que
vão muito além da multa. São impactos acumulados em imagem, clima
organizacional, rotatividade de pessoal, afastamentos frequentes e, em
muitos casos, indenizações altíssimas em processos trabalhistas.
A gestão de riscos técnicos é não apenas uma obrigação legal, mas também uma estratégia de eficiência operacional.
“Prevenir
acidentes é, sobretudo, uma decisão de inteligência empresarial. O
custo da prevenção é sempre menor que o da indenização, da substituição
de mão de obra ou da perda reputacional”, reforça Edgar.
Neste
Dia Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho, o alerta é claro: o
Brasil não precisa de novas normas para proteger seus trabalhadores —
precisa de compromisso real com a segurança, de atuação técnica presente
e de fiscalização efetiva.
“Quem
transforma o ambiente de trabalho é quem está dentro dele. Empresas,
gestores, sindicatos e trabalhadores precisam romper com a cultura da
improvisação. A prevenção não é uma escolha estética para parecer
responsável, é o único caminho para reduzir mortes, evitar processos e
construir ambientes mais dignos”, conclui Edgar Bull.

Edgar Bull – Engenheiro e Perito Judicial Especialista em Segurança do Trabalho
Edgar
Bull é Engenheiro Civil formado pela USP, pós-graduado em Engenharia de
Segurança do Trabalho e Higiene Ocupacional e bacharel em Direito. Com
uma trajetória sólida e ampla experiência em perícias judiciais, ele
atua como perito nos Tribunais Regionais do Trabalho da 2ª e 15ª
regiões, além de ser membro ativo da Comissão de Perícias da OAB e
professor de pós-graduação do SENAC. Responsável técnico pela EST da
METRA (Medicina e Assessoria em Segurança do Trabalho),
Edgar é referência em segurança do trabalho e avaliação de riscos, com
um olhar especializado para a proteção dos trabalhadores e a
conformidade legal das empresas.
METRA-MEDICINA, ENGENHARIA E ASSESSORIA EM SEGURANCA DO TRABALHO
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