*Por Wilson Pedroso
Um
dia após as eleições presidenciais, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE)
da Venezuela anunciou a vitória de Nicolás Maduro para um novo mandato
como presidente do país. O resultado, no entanto, foi contestado por
opositores e, desde então, o mundo todo tem acompanhado com tensão os
desdobramentos do cenário político venezuelano.
Toda
a questão gira em torno de duas situações principais: a falta de
transparência na contagem de votos e a forma truculenta com que
opositores e manifestantes populares vêm sendo tratados. Ambos os pontos
são escandalosos exemplos de atos ditatoriais e antidemocráticos.
Os
números divulgados oficialmente pelo CNE apontam que Maduro teria
vencido as eleições com 51,2% dos votos. A oposição, por sua vez, afirma
que os números foram fraudados e que Edmundo González seria o
verdadeiro vitorioso, com cerca de 70% da preferência dos eleitores
venezuelanos. O impasse gerou protestos no país e chamou a atenção de
nações do mundo todo.
Diante
esse cenário, com o passar dos dias, aumentou a pressão internacional
pela apresentação das atas de votação. O fato, porém, é que os membros
da Suprema Corte da Venezuela têm forte alinhamento com Maduro e,
portanto, são improváveis as chances de que sejam apuradas e sanadas
irregularidades no pleito.
Mas
isso não é tudo. Tão preocupante quanto a fraude é o risco que correm
os opositores políticos e manifestantes. Informações divulgadas pela
imprensa dão conta de que ao menos 13 pessoas morreram em protestos e
mais de mil já teriam sido presas.
Ainda
há ameaças, feitas pelo próprio Maduro, de que outras mil pessoas sejam
detidas e enviadas a prisões de segurança máxima. Gonzales e María
Corina Machado, principais nomes de oposição no país, também estão
ameaçados de prisão e podem ser acusados de terrorismo.
Para
completar a crise, os Estados Unidos reconheceram a vitória de
González. O Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que os
EUA apoiarão o “processo de restabelecimento das normas democráticas na
Venezuela” e que estão “prontos para considerar maneiras de fortalecê-lo
conjuntamente com nossos parceiros internacionais”.
O
que planejam, de fato, os americanos para colocar fim à ditadura de
Maduro? Qual será o papel do Brasil, país de fronteira com a Venezuela,
nesse contexto? Ainda é cedo para previsões mais aprofundadas, mas esse
é, sem dúvidas, um tema que precisa ser acompanhado de perto pelos
brasileiros.
*Wilson Pedroso é analista político e consultor eleitoral com MBA nas áreas de Gestão e Marketing
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