Restrições à construção, em São Paulo ou Cambridge, beneficiam só os donos de terras. Deirdre McCloskey para a FSP:
Vamos fazer um teste.
Quem
se beneficia monetariamente de melhores escolas locais? De uma nova
restrição à construção de casas? De uma negação da permissão de
planejamento para mudar as terras agrícolas nos arredores de Cambridge,
na Inglaterra, para uso residencial?
Resposta:
os proprietários de terrenos existentes no centro da cidade. Só eles se
beneficiam. Nenhum trabalhador se beneficia do resultado líquido. Se
não é permitido construir moradias, os trabalhadores pagam aluguéis mais
altos pelos apartamentos existentes. E, se as escolas forem melhoradas,
os trabalhadores pagam por elas até o último centavo, em aluguéis de
apartamentos mais altos, para colocar seus filhos em escolas melhores. O
dinheiro vai apenas para os proprietários, muitos deles já ricos.
Por
que é assim? Um imóvel com 20 metros de frente na avenida Paulista não
pode se mover. Mas trabalhadores, banqueiros, construtores, serviços de
construção se afastarão de propriedades menos desejáveis e se
aproximarão das propriedades mais desejáveis. No entanto, a propriedade
em si não se move. Os outros insumos obtêm o que podem em locais
alternativos, nem mais nem menos. Mas é claro que não há "alternativa de
localização" para o imóvel na avenida Paulista. É onde ele está.
Portanto, qualquer aumento no que as pessoas estão dispostas a pagar por
ele enriquece o proprietário, e apenas o proprietário. Isso é economia.
Agora a política.
É
errado pensar que, digamos, uma restrição como a das terras agrícolas
de Cambridgeshire seja boa para qualquer um a não ser para os
proprietários de terras da cidade. Um terreno agrícola próximo aos
limites da cidade de Cambridge que hoje é vendido por X passaria a valer
10 X se os planejadores permitissem que fosse transformado em terreno
urbano. O preço, de dez vezes o atual, revela o quanto os ingleses
estariam em melhor situação se a permissão de construção fosse
concedida.
O
mesmo vale para as restrições à construção em São Paulo. A cidade de
São Francisco enfrenta uma crise imobiliária. E não é nenhum mistério
por que tudo isso continua acontecendo.
Os
planejadores comandam o show. Eles acham que sabem melhor que os
empresários reais como a terra deve ser usada, quais edifícios devem
existir e que qualidade esses edifícios devem ter.
Eles
obtêm o seu poder do pagamento corrupto dos proprietários de terras —e
reconhecidamente também dos eleitores, especialmente os "bem de vida",
que gritam "Não no meu quintal" (em inglês: Nimby) toda vez que se
propõe um novo uso para a terra.
Não façamos igual.
Postado há 3 weeks ago por Orlando Tambosi
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